No mestrado meu professor de economia monetária sempre nos alertava para a irrelevância da opinião dos jornalistas econômicos, usando com freqüência a expressão “trabalho jornalístico” ou “comentário jornalístico” para rebater uma opinião, considerada superficial, sobre questões monetárias.
Sempre penso nele quando sou obrigado a ler as colunas do nosso pobre e superficial jornalismo econômico: sempre prontos a repetir a última obviedade e/ou superficialidade sem a necessária reflexão...
Este, contudo, não é o caso de uma coluna recente do Vinícius T. Freire da Folha, onde argumenta que “os dados sugerem que começa a haver alguma encrenca nos preços quando a taxa real de juros ronda os 7%, 8% ao ano, como ocorreu no ciclo de desafogo monetário mais recente”. Estaria ele sugerindo ser estes os valores para a taxa natural de juros no Brasil? Esta é uma questão importante sobre a politica monetária brasileira e, estranhamente, passou em branco.
Falar de taxas de juros é sempre controverso, mas a existência de um taxa natural de juros( Wicksell) esta sempre rondando o debate sobre a política monetária. Keynes, em uma passagem pouco citada da Teoria Geral argumenta que “talvez fosse mais exato dizer que a taxa de juros seja um fenômeno altamente convencional do que basicamente psicológico”, sendo que “qualquer taxa de juros aceita com suficiente convicção como provavelmente duradoura, será duradoura; sujeita, naturalmente, em uma sociedade em mudanças a flutuações originadas por diversos motivos, em torno do nível normal esperado” Ele observa, também, que “a convenção nem sempre oferecerá muita resistência a uma lógica contundente e a um firme propósito da autoridade monetária”. ( negritos do autor deste post). Keynes era um otimista, é o que podemos concluir a partir da resistência da convenção no caso brasileiro.