Apesar de gostar muito de cinema, conheço muito pouco da obra cinematográfica do Rossellini. Minha paixão pelo cinema era e continua sendo muito democrática,mas naturalmente tenho alguns diretores prediletos: os clássicos que todos gostamos não é preciso mencionar os nomes, mas entre os contemporâneos, aquele que eu não perdia um lançamento é, a bem da verdade, não um, mas dois:Truffaut e Herzog. Ainda continuo revendo a obra deles, mas confesso que os últimos trabalhos do Herzog ficam muito aquém dos seus primeiros filmes.
Mas, estava falando do Rosselini. Dois dos seus filmes feitos para a televisão foram lançados no Brasil: Santo Agostinho(de Hipona) e Socrates. Filmes magníficos sobre dois filósofos notáveis: simplicidade, dialógos de uma qualidade rara no cinema do período( e mais rara ainda no cinema atual), são ambos filmes políticos no bom sentido do termo e, principalmente, uma declaração de amor ao cinema e a busca da verdade que guiava a vida destes dois grandes pensadores, figuras chaves da cultura ocidental.
Em um mundo em que a leitura dos clássicos da cultura ocidental é relegada aos especialistas e substituída pela mambo jambo pós-modernista; estes dois filmes podem ser um ótimo instrumento para reconectar a atual geração com a tão criticada tradição que define a nossa identidade ocidental.