Jornalismo econômico de qualidade no Brasil é raro e ate mesmo os poucos bons jornalistas de vez em quando emitem opiniões, no mínimo, estranhas. É o caso do Vinicius Torres. Na coluna de ontem ele afirma que "remendos disparatados, como os que estão sendo paridos sob inspiração do Ministério do Trabalho, apenas vão aumentar a confusão e o risco de que lobbies ganhem favores que em nada auxiliam o desempenho geral da economia".
As medidas anunciadas ontem dificilmente podem ser consideradas "disparatadas": regras para concessão da bolsa-qualificação e regras para concessão de parcelas adicionais do seguro desemprego são corretas e, se não resolvem o problema de fundo, ajudam a manter um mínimo de bem estar social que é, sempre bom lembrar, o objetivo da política econômica.
São medidas emergenciais corretas e no caso da última poderia ir um pouco alem, aumentado para 10 meses o número de parcelas do seguro desemprego. Correta também me parece ser a concessão de crédito de capital de giro de empresas de revenda de carros usados com a contrapartida de geração/manutenção dos empregos pelo prazo de duração do contrato.
O momento econômico que estamos vivendo requer medidas aparentemente heterodoxas, mas que na verdade nada mais são que o bom uso da boa e velha teoria econômica, desconhecida, ao que parece, por jornalistas e os auto-proclamados economistas heterodoxos.