Lembra do verão passado? Pois é, cá estamos nos, novamente, em um cenário em que a diferença entre o retorno dos títulos de curto prazo e os de longo prazo é pequena, com o risco de inversão da curva de juros espanhola. Ano passado, em novembro, aconteceu com a curva de rendimentos italianos, se nada for feito, o mesmo deverá ocorrer com a espanhola. O primeiro sinal, de agravamento da situação, foi a combinação de baixa demanda e rendimentos elevados dos títulos de curto prazo. A situação piorou com o pedido de socorro de Valencia e neste fim semana, ficou ainda pior com o anuncio que a Murcia também precisava de socorro, ainda que somente em 2013. Catalunha e mais algumas regiões autonomas devem entrar na fila de socorro. Não estranha, portanto, a reação do mercado nesta segunda-feira.
O que fazer, como evitar a perda de controle que implicaria em bail out do soberano. Sim porque o risco aumentou muito em relação a semana passada: a Espanha vinha respirando com a venda de titulos de curto prazo, com os rendimentos elevados esta deixa de ser uma alternativa. O rendimentos dos titulos de 12 meses ainda são bem baixos e pode ser o novo plano B, mas por um período muito, mas muito limitado de tempo e no máximo compraria tempo ate o inevitável bail out. Como o próprio ministro da fazenda espanhola reconheceu: a solução está alem da capacidade do seu governo. Verdade. Somente o ECB tem condições de evitar a perda de controle, adquirindo titulos da Espanha. Compras no mercado secundário, como no verão passado, não é suficiente e muito menos a melhor solução. Atuar diretamente no mercado primário é a melhor opção, mas com a oposição germanica vai ser difícil. Uma outra possibilidade é convencer os bancos espanhois a continuarem comprando titulos, mas para isto seria necessário uma nova rodada de emprestimos de 3 anos ou uma conversa ao pé do ouvido com os CEO de cada um deles.
O fato é que a situação é grave o que torna ainda mais irresponsável a decisão da Corte alemã em deixar pra 12 de setembro a decisão a respeito do pacto fiscal e ESM. Em todo caso, sendo otimista, em momentos como este, a Europa sempre deu um jeito de evitar o naufragio do barco...Resta torcer que o mesmo ocorra neste verão e que o resfriado espanhol não se transforme em gripe espanhola.