sexta-feira, 20 de julho de 2012

Com a pulga atrás da orelha...


A semana fecha com acrescimo de um dado novo, ainda que esperado, ao circo de horrores espanhol: Valencia pediu socorro ao governo central. Não é inesperado, porque ela concentra boa parte do boom imobiliário, origem dos problemas dos bancos de espanhois. O impacto foi forte, levando o titulo de 10 anos a romper, novamente, a barreira dos 7%, atingindo segundo a Bloomberg 7.285% e segundo a Tradeweb, 7.309%. O record anterior era 7.285%. Segundo a nossa fonte de dados, o jornal italiano Il sole 24 ore, ele fechou em 7.22%, spread 605.46, variação +5.34%; o italiano em 6.16%, spread 499.00, variação 4.63%. Preocupante, sem dúvida, mas é bom lembrar que a média do custo do "funding" espanhol ainda se encontra em nível confortável, 4.1%, assim como o prazo de vencimento, 6.4 anos. É verdade que a Espanha ainda deverá captar um volume razoável no segundo semestre, sendo outubro, o mês com a meta mais elevada, mas até lá já será conhecido o resultado do teste de stress dos seus bancos, assim como a opinião da Corte Constitucional alemã sobre o ESM e pacto fiscal. É preciso ficar atento ao comportamento do mercado secundário na próxima semana, principalmente em relação aos titulos de curto e médio prazo, já que o de 10 anos, deverá continuar gravitando em torno de 7%. Não acredito que o pico desta sexta-feira, seja o seu novo patamar, mas apenas uma reação a Valencia.

O emprestimo foi assinado, mas as dúvidas ainda persistem, já que os recursos serão incorporados a divida do soberano, aumentando, portanto, a relação divida/PIB e dela poderá ser retirado somente quando for criado o novo fundo habilitado a emprestar diretamente aos bancos. Ele deverá estar em operação em 2013, mas não há nenhuma garantia que este prazo realmente será obedecido. Este é apenas um, entre vários detalhes, que deixa o mercado com a pulga atrás da orelha.

Infelizmente, a zona do euro não é a única fonte de preocupação: os preços da soja e do milho já romperam o pico do período 2007/2009 e o trigo, apesar de ainda não ter batido nenhum record, tambem encontra-se em movimento ascendente. A preocupação é maior devido ao fato do movimento ser um reflexo da situação climatica no Imperio e não, como passado recente, resultado de movimento especulativo. Se somarmos os dois, queda na safra e movimento especulativo que sempre acompanha o primeiro, aumenta significativamente a probabilidade do retorno da inflação dos alimentos.