quinta-feira, 13 de setembro de 2012

QE3: Deja vu...


Depois do resultado, abaixo do esperado, do mercado de trabalho em agosto, uma nova rodada de afrouxamento monetário - um QE3 - tornou-se praticamente inevitável. Mante-lo ate o mercado de trabalho apresentar uma performance melhor é a grande novidade, assim como a decisão de manter a taxa de juros baixa ate meados de 2015. É uma decisão corajosa, haja vista, a oposição de setores do Partido Republicano a própria existência do FED, para não mencionar as criticas que a sua política tem recebido do seu candidato a presidência da republica. Ironicamente, Bernanke é republicano.

A nova rodada acontece em ambiente econômico bem diferente do QE1 e QE2 em 2009 e 2010: a deflação não é mais um problema. Em seu lugar entrou a fraca dinamica do mercado de trabalho e a recuperação anemica do mercado imobiliário. Com a compra dos titulos imobiliarios o FED espera derrubar os juros das hipotecas e ajudar no reaquecimento do setor. A queda deverá ocorrer, mas é bom lembrar que os juros já são baixos e por isto o impacto deverá ficar aquem do esperado. Em outras palavras, a política monetária sozinha não tem condições de resolver os problemas da economia monetária. É de fundamental importancia que ela seja acompanhada de medidas da área fiscal que, infelizmente, tem poucas chances de serem adotadas devido ao venenoso ambiente político americano. Neste cenário desalentador, resta ao FED a dificil tarefa de fazer o seu trabalho e o dos politicos. Convenhamos que isto é quase impossível, dai o meu pessimismo em relação recuperação da economia do Imperio.

Bernanke é um otimo economista e esta ciente dos limites do novo QE3 e por isto já adiantou a possibilidade - se necessario for - da adoção de novas medidas pouco convencionais e implicitamente assume que um pouco de inflação também poderá ser tolerado se este for o preço para a retomada do crescimento econômico. No momento ela não é um problema, mas choques de oferta nunca podem ser descartados de antemão.

Em sintese, não deverá produzir milagres, mas ganha tempo que se espera será bem utilizado pelos políticos para negociar um acordo que permita a adoção de medidas na área fiscal.