quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Espanha: hora de enfrentar a dura realidade...


Segundo o FT, Luis de Guidos, ministro das finanças da Espanha e a Comissão Europeia estão trabalhando em um plano focado em reformas estruturais que cumpriria o pre-requisito necessario à intervenção do ECB no mercado secundário de divida soberana espanhola de curto prazo . O plano deverá ser apresentado na próxima quinta-feira. Rajoy, contudo, ainda estaria tentando encontrar meios para evitar o pedido de socorro.

A noticia confirma a nossa análise sobre a existência de um plano B sendo preparado por Guidos, assim como, a preferência do primeiro ministro espanhol, compartilhado pela Merkel, por uma solução que evitasse a necessidade de um pedido de socorro que implicaria em aporte adicional de recursos que obrigaria a dama de ferro teutonica a uma nova rodada de negociações com seu parlamento às vespera da eleição.

Naturalmente, para não ter que recorrer ao fundo de resgate, a Espanha precisa de redução significativa nos rendimentos de sua divida soberana, haja vista que o volume a ser captado ate o fim do corrente ano é bastante significativo, principalmente no mês de outubro. Sem a "cooperação" do mercado, uma solução tem que ser encontrada - de preferência - ate o final do mês de setembro, em que pese o fato de Rajoy não ter o menor interesse de tomar qualquer decisão antes da eleição regional de 21 de outubro.

O leilão desta quinta feira sinaliza que a situação esta sob controle, mas que o mercado aposta na solicitação de ajuda junto ao fundo de resgate, como podemos inferir pelos rendimentos dos titulos leiloados. O montante de títulos de 10 anos colocados foi pequeno, apesar da demanda ter sido boa, 2.8 vezes. Os juros ficaram em 5.7% contra 6.6% em Agosto. A demanda pelos titulos de 3 anos foi menor, 1.6 vezes; e foram negociados a 3.9%, levemente acima do alcançado no inicio do mês, 3.774%. No leilão de hoje a opção do governo espanhol foi pela redução da maturidade dos titulos, esperando com isto colher os frutos da decisão do ECB, mas ele, obviamente, não tem como deixar de colocar um montante maior de titulos de 10 anos nos próximos leilões e para obter um rendimento menor que o desta quinta-feira é necessário, na nossa opinião, pedir socorro ao fundo de resgate.