sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Espanha: se ficar o bicho come, se correr o bicho pega...



Nesta sexta-feira, vazaram novos detalhes do plano que está sendo articulado pelo ministro das finanças da Espanha e a Comissão Europeia: aumento na idade da aposentadoria de 65 para 67 e fim da indexação da aposentadoria ao indice de inflação. Propostas criticadas pelo atual governo durante a campanha eleitoral o que lhe garantiu os votos de grande parcela dos aposentados. Medidas semelhantes foram implementadas em outros países em dificuldades por imposição da troica. O governo espanhol optou pela negociação nos bastidores e assumir o custo das medidas para manter a imagem que não cedeu as pressões de Bruxelas e aliados. Coisas do Rajoy.

Há rumores que o resultado do teste de stress dos bancos espanhois que será públicado na próxima sexta-feira, 28 de setembro, indicará a necessidade de aporte de no minimo 50 e no máximo 60 bilhões. Se confirmado, deixaria no minimo 40 bilhões, do total de 100 bilhões colocados a disposição da Espanha, sem uso definido. O governo espanhol já deu indicações que pretende usa-lo para outros fins e a comissão europeia não parece opor-se a idéia, desde que acompanhado das devidas condicionalidades. É uma solução que interessa a Rajoy que evitaria o humilhante pedido de socorro ao fundo de resgate e a Merkel que não seria obrigada a pedir ao Parlamento alemão a aprovação de um novo pacote de ajuda a Espanha. Seria realmente uma solução engenhosa, mas tenho serias dúvidas se o mercado reagiria bem à recusa da Espanha de solicitar ajuda. O Ministro das finanças da Alemanha, Schauble, argumenta que ela não precisa de um novo pacote, mas sim, de recuperar a confiança do mercado. O problema é que não me parece ser nada fácil ganhar a confiança do mercado sem recorrer ao fundo de resgate. Não diria que é impossível, apenas improvável. Apesar desta avaliação me parece que vale tentar o plano B e usar as sobras do pacote de apoio aos bancos e pagar para ver qual será a reação do mercado. Por mais arriscado que seja esta estratégia, ela evitaria um outro problema: colocar a Italia na mira do mercado, já que depois de derrubar a Espanha ele tentará fazer o mesmo com a velha bota.