quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Uma pedra a menos no caminho...



Mantendo a tradição de não criar obstaculos ao processo de integração econômica, a corte constitucional alemã considerou legal o fundo de resgate e com isto cai o último obstaculo ao seu funcionamento. Enquanto isto, Barroso, apresentava seu terceiro discurso sobre o estado da União, defendendo o projeto de uma Europa federativa e a supervisão unificada do seu setor bancário. A primeira é uma meta ser perseguida, a segunda é uma medida fundamental para evitar a repetição do ocorrido em várias países da zona do euro.

Conhecida a decisão da corte alemã, resta agora saber se algum país estará disposto a recorrer e pagar o preço político de colocar a gestão da política econômica sobre a supervisão do FMI. Com a exclusão da clausula da senioridade o risco de ficar fora do mercado de titulos é menor o que, a primeira vista, poderia ser um argumento favorável ao pedido de socorro. No entanto, ainda restaria a questão das contrapartidas: mais austeridade, perda de autonomia na definição do orçamento público entre outras medidas. Rajoy, por ex, afirma não se sentir desconfortável com a supervisão do FMI, mas não se mostra disposto a aceitar novas medidas de austeridade. Com a queda dos juros dos seus titulos no mercado secundario, ele poderá ser tentado a empurrar o problema com a barriga, mesmo ao custo de reduzir a maturidade da divida pública espanhola. É uma aposta arriscada, haja vista, o grande volume de captações da Espanha ate o final do corrente ano. Acredito ser possível evitar o bail out completo, mas não o bail out "light", em que as contrapartidas seriam menos duras. Em outras palavras, a reação positiva do mercado realmente oferece a Espanha um prazo maior para decidir sobre o pedido de socorro, mas ele ainda me parece inevitável, ainda que não seja - como no cenário anterior a decisão do ECB - na forma de um bail out completo. Menos mal, sem dúvida, mas ainda doloroso para o orgulhoso Rajoy.

Os rendimentos dos titulos espanhois e italianos continuam em queda. O de 10 anos fechou em 5.627% e 5.029 e o de dois anos em 2.824% e 2.193% respectivamente.