terça-feira, 25 de setembro de 2012
Dilma na ONU
Gostei do discurso da Presidenta Dilma na ONU, nesta terça feira. Ela tem razão ao afirmar que “A grave crise econômica iniciada em 2008 ganhou novos e inquietantes
contornos, mas a política monetária não pode ser a única resposta à crise”. Esta correta, também, ao apontar que "Não podemos aceitar que iniciativas legítimas de defesa comercial por países em desenvolvimento sejam injustamente classificadas como
protecionismo”. Obama, com certeza concorda com a critica ao uso, quase exclusivo, da política monetária, mas sabemos que no ambiente de campanha eleitoral é impossível convencer os republicanos da necessidade de usar também a política fiscal para colocar a economia do Imperio no caminho da recuperação econômica. É por isto que, como mencionamos em outro post, Bernanke e cia foram obrigados a implementar uma nova rodada de afrouxamento monetário. O impacto sobre a taxa de câmbio dos paises emergentes é um aspecto nada agradável da medida, mas se o QE3 produzir o resultado esperado, também será benefico aos países que exportam para o imperio, já que o crescimento econômico aumenta a demanda por produtos importados produzidos por estes mesmos paises. O resultato não é, portanto, de todo negativo. Enquanto não se colhe os frutos da medida, o governo brasileiro, guiado pela defesa do interesse nacional, tem todo o direito de recorrer a medidas de defesa comercial para defender a industria nacional.
Ela, no entanto, se equivoca ao afirmar que ”políticas ortodoxas vem agravando a crise". Em alguns países, caso da Grecia por ex, o que a Presidenta chama de ortodoxia, nada mais é que o bom senso em política econômica, depois da festança irresponsável que levou o país ao fundo do poço. O que ela chama de "politica econômica prudente" é apenas um nome diferente e politicamente correto para a velha e boa política econômica ortodoxa que , alias, seu governo vem praticando na área fiscal, como ela mesma reconhece.
A parte mais interessante do discurso foi a defesa enfática de decisões coordenadas para retirar a economia mundial do atoleiro em que se encontra. A guerra cambial não interessa a ninguem e tem como único produto o impacto negativo no comércio internacional.