Não entendo o espanto e tão pouco a reação a decisão do BB. É claro que é uma decisão de governo e nem um pouco original: empresas estatais sempre foram usadas como instrumento de política econômica, inclusive no governo do FHC. Alias esta é sua própria razão de ser e por isto mesmo perfeitamente legitimo. O problema aparece quando este uso coloca em risco a sua saude financeira e existência no longo prazo como foi o caso, por ex, dos bancos estaduais. Este não me parece ser o caso do BB. A política de redução dos juros e a ampliação dos limites de crédito aos clientes em suas principais linhas é correta e perfeitamente justificavel, haja vista a baixa inadimplência vis à vis a dos bancos privados. Nada justifica o nível elevado de spread no grande bananão e tão pouco o comportamento da taxa de juros cobrada pelos bancos em um momento que a selic esta em queda.
Não há, obviamente, garantia que isto possa levar a redução semelhante nos bancos privados, mas se isto não ocorrer, poderá aumentar a participação do BB no mercado. Como esta política também deverá ser replicada pela CEF, alguma reação se espera do setor privado, alem da reclamação costumeira contra a existência de bancos públicos. Argumentar que há aumento no risco não me parece correto, já que não há indicação de desrespeito a Basileia.
O conjunto de medidas deverá garantir um crescimento razoavel da economia no corrente ano e o risco é que ele seja um pouco acima do equilibrio o que poderá pressionar ainda mais os preços a partir do segundo semestre. Mas, como já mencionamos em vários posts, esta não parece ser a preocupação da atual administração, focada que esta, no crescimento econômico, mesmo com um pouco de inflação.