segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Ainda é Agosto, mas na Europa parece ser Setembro...



O mês ainda não terminou, mas na Europa, com o retorno ao trabalho dos políticos, é exatemente esta a impressão que se tem. No fim semana Guindos, Ministro das Finanças da Espanha, defendeu a intervenção do BCE no mercado de divida secundaria pelo tempo que for necessário. Ele obviamente está defendendo o interesse espanhol, mas a sua posição é correta: a intervenção do BCE so obterá resultado positivo se o volume de recursos, assim como o período de intervenção, não forem limitados. É isto, alias, que se espera de todo Banco Central em situação semelhante, não poderia ser diferente no caso da zona do euro.

Esta não foi a única noticia importante neste retorno ao trabalho na zona do euro. Segundo a Der Spiegel, importante e influente semanario alemão, o BCE estuda definir limite máximo para o premio de risco dos títulos soberanos em relação ao titulo alemão. Ao atingir-se o teto o BCE entraria, automaticamente, no mercado secundário. O objetivo seria reduzir os juros cobrados pelas dividas dos países em difuldades - leia-se Espanha e Italia - e, também, reverter/ estabilizar a diferença existente entre os rendimentos dos títulos soberanos dos países da zona do euro. O BCE declarou que a informação é incorreta. Já o Bundesbank, como esperado, reafirmou, mais uma vez sua oposição a este tipo de ação, argumentando tratar-se de financiamento do governo, o que é proibido pelos tratados da zona do euro. Desta vez, me parece, que o templo da ortodoxia monetaria alemã esta errado: evitar a crescente diferença entre os juros dos países da zona do euro é parte do mandato do BCE. O objetivo, desde o inicio, era trabalhar pela sua convergência e pela construção de uma espaço bancario europeu. Todo o avanço obtido em relação a última meta, foi quase todo revertido devido ao temor em relação a futuro da moeda única. Ficar de braços cruzados, não é uma opção.

O mercado reagiu bem as noticias, derrubando, no inicio dos trabalhos, os juros das dividas soberanas italianas e espanhola para os patamares de maio deste ano: italiano de 2 anos chegou a 2.92%( - 14 pontos base), o de 10 anos a 5.72%(- 7 pontos base).O espanhol de 2 anos caiu para 3.3%(- 40 pontos base) e o de 10 anos para 6.17%(- 27 pontos base). A negativa do BCE, assim como ruidos vindos do governo alemão e do Bundesbank, acabaram revertendo os ganhos, mas mesmo assim o resultado ao fim do dia foi muito bom no caso do espanhol, com o título de 2 ano fechou em 3.58%( - 18 pontos base) e o de 10 anos em 6.28%( -16 pontos base. Já no caso do italiano os ganhos praticamente desapareceram: o de 2 anos fechou em 3.04(- 2 pontos base) e o de 10 anos, 5.77%(-1 ponto base). A reação diferente do mercado em relação aos títulos dos dois países é explicada pelo fato que é dado como certo que a Espanha deverá solicitar ajudar junto ao fundo de resgate. Já no caso da Italia a probabilidade disto ocorrer ainda é muito baixa.