quarta-feira, 1 de agosto de 2012
Esperando pelo Super Mario...
O FED em reunião desta quarta , como mencionado em vários posts, reafirmou a decisão de manter as taxas de juros baixas ate 2014 e não deu nenhum sinal que deverá adotar uma nova rodada de QE no futuro próximo. Reconheceu que a recuperação econômica esta fraquejando e, corretamente, optou por dar tempo pra verificar se as medidas tomadas vão produzir o resultado desejado. Bernanke e cia, brilhantes economistas que são, já devem ter percebido que o impacto de uma nova rodada de QE não seria o suficiente pra reverter o estado anemico da economia e o custo político seria significativo, haja vista, a oposição dos republicanos a este tipo de medida. Acirramento dos animos é tudo que não se precisa no já venenoso clima político americano, com a contagem regressiva para o fiscal cliff.
Enquanto isto, no velho continente, continua o jogo de pressão à espera da reunião do ECB nesta quinta-feira. O Bundesbank, tornou público, uma declaração do seu presidente, Jens Weidmann, de junho deste ano, contra a concessão de licença bancária para o fundo de resgate. Monti continua em sua tour para convencer os opositores da suas teses e ate o momento parece que somente obteve sucesso com o governo finlandes. Geithner, juntou se o trio composto por Italia, França e Espanha na defesa de medidas para resolver o problema da diferença crescente entre os juros cobrados pela rolagem da divida soberana dos paises da zona do euro. O spread elevado de fato atrapalha a gestão da política monetária e, portanto, o Draghi tem toda razão em argumentar que reduzi-lo faz parte do seu mandato. A preocupação germanica com o risco inflacionário não tem o menor fundamento, sendo compreensivel, no entanto, devido ao trauma da hiperinflação, o que não justifica a sua posição, já que superaram, sem problemas, outros traumas. Tão pouco faz sentido argumentar que a devido ao tamanho da economia alemã, a opinião do Bundesbank tem um peso maior que a dos demais membros da zona do euro. Afinal, se aceitarmos esta linha de argumentação, seriamos obrigados a reconhecer que a dama de ferro tinha razão quando afirmava ser o projeto de unificação monetária o retorno do Sacro Imperio Romano Germanico. Sutileza, nunca foi o forte do governo alemão, mas não precisa exagerar na truculência verbal...
O mercado, ou pelo grande parte dele, espera o anuncio de alguma medida nesta quinta feira para substanciar a declaração do Draghi. Isto está longe de ser uma aposta realista, dada a conhecida dinamica europeia. Neste caso o risco é de reverter a tendencia de queda dos rendimentos dos titulos soberanos. Nesta quarta-feira o italiano foi negociado no mercado sencundário por 5.93% e o espanhol ficou em 6.67%. Já o titulo espanhol de 2 anos, que semana passada estava em torno de 7%, manteve o movimento descendente, fechando em 4.8%. Este é uma trajetoria fundamental, dada a estrategia espanhola de tentar manter o prazo de vencimento da sua divida soberana em torno de 4 anos.