sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Esperando pelo 12 de Setembro...


Merkel recebeu nesta sexta feira o Antonis Samaras, primeiro ministro grego e repetiu o mantra de sempre: é favorável a permanência da Grecia na zona do euro; fará tudo que for possível para ajuda-la, etc. Como esperado, não gostou nada da idéia de extensão do prazo para cumprir as metas acordadas com a troica e aproveitou pra lembrar que ainda há muito a ser feito. Vai esperar pelo relatorio da troica, antes de tomar qualquer decisão sobre a questão grega. Ela sabe que o publico alemão, assim como os seus representantes no parlamento, não estão dispostos a continuar colocando recursos no saco sem fundo grego. Afinal, ano que vem tem eleições e ela, como todo politico, quer ser reeleita.
Segundo a bloomberg, Draghi vai esperar a decisão da Corte Constitucional sobre o fundo de resgate, pra anunciar os detalhes do seu plano de compra de titulos do mercado secundário que, segundo, a mesma fonte ainda vai levar algum tempo antes de conhecer a luz do dia. Estranho, muito estranho. No dia 2 de agosto, Draghi já estava ciente da questão legal e problemas técnicos por complicados que sejam, não justificam postergar ainda mais a divulgação dos detalhes tão esperados pelo mercado. O problema, provavelmente, deve estar na alçada política, nas tratativas entre a dupla dinamica( Alemanha e França) com o Rajoy. A oposição do Bundesbank, como mencionado em outro post, é importante, mas de modo algum será um impedimento ao plano Draghi, já que ele conta com o apoio da Merkel.
Enquanto nada de oficial é divulgado, o mercado continua praticando seu esporte predileto: boatos sobre como deverá ser operacionalizado a intervenção prometida pelo Draghi. O último balão de ensaio é o uso do sistema de bandas, que de fato é bem mais interessante que a outra proposta - negada pelo ECB - de teto que dispararia o gatilho automatico. No entanto, acredito que a simples existência de um sistema de intervenção conjunta do fundo de resgate e do ECB por tempo e montante de recursos ilimitados é suficiente para convencer ate o mais cético agente que não vale a pena uma quebra de braço com os dois. A questão é fundamentalmente de credibilidade.
No Imperio, o mercado anda a cata de sinais para confirmar o seu imenso desejo de uma nova rodada de afrouxamento monetário. Depois da ata do FED, uma carta do Bernanke endereçada a um deputado americano foi apresentada como a mais uma prova da inevitabilidade do QE3. Li a carta, mas continuo cético. Ele simplesmente afirma o obvio em defesa do seu trabalho para evitar a piora da situação econômica e criar as condições para uma retomada sustentável do crescimento econômico. Concedo, apenas, que a probabilidade aumentou, mas ela está longe de ser favas contadas.