quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Ferragosto...


Com mencionado no post de ontem, nenhuma medida concreta foi anunciada na reunião do BCE desta quinta-feira. Apenas foi reafirmado o que todos já sabiam: a intervenção do fundo de resgate no mercado de divida soberana tem que ser solicitada pelo país em dificuldades e, naturalmente, será exigido contrapartidas rigorosas e ele devera aceitar a supervisão do que for acordado. E ate mesmo esta modalidade de socorro tem que esperar ate setembro, já que somente no dia 12 deste mês será conhecido a posição da corte constitucional sobre a criação do fundo permanente de resgate. A declaração mais importante do Draghi, foi a promessa de avaliar o uso de medidas não convencionais para resolver o problema da elevação dos rendimentos da divida soberana italiana e espanhola e que o BCE abriria mão de sua posição de senioridade vis à vis outros credores, que é uma demanda antiga dos investidores privados.

O mercado ficou desapontado, por que insisti em negar a realidade dos fatos: medidas controversas, como sabidamente são as que estão em discussão, exigem um longo processo de negociação que, obviamente, requer um certo tempo. Medidas no estilo ejaculação precoce estão fora de questão e não fazem parte da dinâmica de tomada de decisões no ambito na zona do euro. Ainda espero, dentro de um prazo razoavel, medidas à altura da criatividade do Draghi e cia e somente os tolos imaginam que a ameaça da semana passada é vazia: a elite europeia não vai deixar o projeto do euro ir para o lixo da historia e fará o que for necessário para que isto não ocorra. Devo lembrar mais uma vez que desde o inicio a unificação europeia é um projeto político em busca de um fundamento econômico.

A reação negativa do mercado se fez sentir de imediato na reversão do movimento de queda dos rendimentos dos títulos de 10 anos da divida soberana italiana e espanhola: os juros da primeira atingiu 6.33% e o da segunda 7.07%. Já o rendimentos dos titulos de dois anos apresentaram movimento descendente, que pode se explicado pela observação do Draghi que a intervenção seria focada nos títulos de curto prazo.

No período matutino, antes de ser conhecido o resultado da reunião do BCE, o leilão de divida pública foi um sucesso, apesar dos rendimentos terem se mantido em nível elevado, porém muito abaixo do pico atingido no mercado secundário na semana passada. Os titulos com vencimento em 2022, sairam por 6.65%, superior ao atingido no último leilão, 6.43% e a demanda foi inferior: 2.4 vezes contra 3.2 vezes em 5 de julho. Os titulos com vencimento em 2014, foram negociados por 4.774%, comparado a 5.301% no mês passado. A demanda foi muita boa: 3.0 vezes contra 1.9 vezes do leilão passado. Já o titulo maturando em 2016 ficou em 5.97%, contra 5.54% e a demanda ficou estavel em comparação ao leilão de 5 de julho: 2.7 vezes contra 2.6 vezes. Resultado imporante, que mantem a média dos vencimentos em uma prazo ainda confortável para a Espanha. Este foi último leilão importante do mês de agosto o que implica afirmar que o Rajoy, BCE, e demais lideres da zona do euro poderão usar todo o mês de Agosto para negociar uma solução para o dramalhão espanhol.