segunda-feira, 27 de agosto de 2012
Contagem regressiva...
A semana começa com mercado em calmaria, a espera das novidades do BCE, prometidas para a quinta-feira da próxima semana. Novos balões de ensaios são esperados ao longo da semana, assim como ruidos vindos do velho e conhecido calcanhar de aquiles da zona da euro: a Grecia. Engana-se, quem imagina que a sua saida da zona do euro seria indolor. O primeiro ministro grego tem toda razão, quando afirma que se a Grecia sair ou for convidada a deixar o clube, não será a única. Seria um evento que aumentaria ainda mais o risco da conversibilidade e, portanto, a diferença entre os juros da divida soberana alemã e a dos demais países em dificuldades - Italia e Espanha,em particular - alcançariam valores altos o suficiente para transformar em realidade o desejo de muitos: a implosão da zona do euro.
Ontem o Munchau, colunista do FT, mostrou-se cetico em relação a proposta de teto para os juros da divida soberana, argumentando que o mercado rapidamente o testaria. Ele tem toda razão em relação ao comportamento do mercado, mas esquece que ele depende fundamentalmente da credibilidade do agente a frente da instituição, assim como desta última. A credibilidade de ambos, Draghi e ECB, é alta o que reduz bastante o incentivo a testar, varias vezes, a disposição de defender o teto dos juros. Por isto é importante, como já mencionado em outro post, que o volume de recursos, assim como o tempo não sejam limitados. Ele também, recoloca em dicussão um velho problema: a questão da subordinação, ou seja a preferencia do BCE na fila dos credores que tem sido a grande responsável pela expulsão dos países, que solicitaram socorro a troica, do mercado de divida soberana. Ao ficarem fora deste mercado, tornam-se totalmente dependentes da troica, e a "secura", acaba contaminando o setor privado, que sem acesso a fontes privadas de investimento e diante das expectativas nada roseas sobre o futuro da economia, acabam aprofundando a contração econômica, tornando impopulares os programas de reformas indispensáveis à retomada sustentada do crescimento econômico. Garantir o acesso ao mercado é questão crucial, como faze-lo não é nada trivial.
Na espera por boas novas na próxima semana, o titulo italiano de 10anos fechou em 5.73% e o espanhol em 6.42%, com o spread em relação ao alemão em 506.38. Já o titulo espanhol de anos esta sendo negociado a 3.746% e o italiano em 3.135%. Ambos tem se mantido estáveis, ainda que em níveis elevados. É bom lembrar que, no caso espanhol, isto não alterou os juros médios da sua divida soberana: 4,1%. Como a estrategia tem sido colocar titulos de menor maturidade, é de fundamental importância acompanhar os rendimentos deles no mercado secundário.