terça-feira, 21 de agosto de 2012

O novo aliado do Draghi...


Jorg Asmussen, representante da Alemanha no executive board do BCE indicado pela Merkel expressou seu apoio a proposta do Draghi de comprar titulos no mercado secundário, argumentando que defender a sobrevivência da moeda única faz parte do mandato do bacen da zona do euro e que é justamente o risco de implosão da zona do euro que explica a diferença crescente dos juros cobrados pelas dividas soberanas dos seus membros. Em outras o risco de conversibilidade do euro para uma moeda nacional, marco alemão e lira, por ex., explicariam a diferença entre as taxas de retornos dos titulos soberanos da Alemanha e da Italia. Este mesmo risco, também, seria a razão da renacionalização do sistema bancário da zona do euro. Como mencionado no post de ontem, esta parece realmente ser a melhor explicação para as taxas absurdamente baixas dos titulos alemães e o valor elevado dos italianos e espanhois de mesma maturidade.

A declaração de apoio é importante, haja vista a conhecida oposição do bundesbank a proposta de intervenção no mercado secundário e a, aparente, desconfiança em relação ao Draghi, por parte de membros do governo alemão, simplesmente por ele ser italiano. É sempre bom lembrar que se é verdade que o bundesbank é independentente, também é verdade que no longo governo do Helmut Kohl, do mesmo partido que a Merkel, os seus presidentes foram obrigados a aceitar as decisões tomadas pelo primeiro ministro e nem por isto o bundesbank perdeu credilidade. Detalhe importante: derrotados, Karl Otto Boehl e Hans Tietmeyer, presidentes do bundesbank durante o goveno do Kohl, deixaram o cargo usando o velha desculpa de motivos pessais. Em outras palavras, no caso de divergência entre o bundesbank e o primeiro ministro, prevalece a visão deste último.

O mercado gostou da declaração e ainda mais do resultado do leilão de titulos espanhois de 12 e 18 meses: 3.07% e 3.3% contra 3.9% e 4.24% do último leilão. O impacto no mercado secundário foi significativo: o titulo italiano de 10 anos fechou em 5.67& e o espanhol em 6.18%. Enquanto o espanhol de dois anos -foco da futura intervenção do BCE no mercado secundário - fechou em 3.48% e o italiano em 3.0%. Tudo indica que se nada de inesperado acontecer, o movimento deverá manter-se, pelo menos, ate a próxima reunião do BCE em 6 de setembro. Infelizmente, o inesperado, a surpresa, tem aparecido com grande frequencia na zona do euro.