quinta-feira, 31 de maio de 2012

Um cenário nada roseo....


Dia tranquilo na zona do euro, com os juros dos títulos italianos e espanhois de 10 anos estabilizados em 5.89% e 6.53%, respectivamente. A proposta espanhola de usar os fundos do ESM para recapitalizar os bancos em dificuldades, recebeu o apoio do Draghi, BCE, e do Visco do Board do BCE e Presidente do Bacen italiano. Merkel continua se opondo a tese, mas me parece que sua posição poderá tornar-se instustentável, caso a Espanha obtenha o apoio de pesos pesados externos - FMI e governo americano - e dos parceiros da zona da euro, França, por ex. Draghi, também, manifestou ser favorável retirar do controle nacional a supervisão dos bancos, haja vista, a experiência ter demonstrado a dificuldade, imensa, dos países em conhecer a real situação dos seus bancos, levando a sequência de declarações de um cenario roseo, seguida de reconhecimento que o buraco era muito maior do que imaginava. O resultado tem sido ansiedade crescente, com impacto negativo sobre a credibilidade do sistema bancário de países em dificuldades. A proposta é boa e, se excluirmos a provável oposição britânica, não deverá encontrar forte oposição.

Enquanto isto, no Império, as noticias não são nada boas, ainda que longe de apocalípticas, e confirmam o estado anêmico da sua economia. O PIB, anualizado, do primeiro trimestre foi revisado pra baixo: 1.9% contra 2.2%, aumento nos pedidos de seguro desemprego e resultado abaixo do esperado na criação de empregos no setor privado. Vai se desenhando um cenário bem conhecido nos últimos anos: as perspectivas positivas do inicio do ano são revertidas e a economia retorna ao seu comportamento cambaleante. Este ano, tudo indica, não será diferente o que poderá colocar em risco a reeleição do Obama.

Já no grande bananão, mas uma rodada de corte nos juros que deverá ser mantida nas próximas reuniões, levando a taxa para o histório 7,5%. A aposta do Bacen, por enquanto está dando certo, mas o cenário internacional esta longe do cenário catastrofico por eles desenhado em agosto de 2011.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Espanha a beira de um ataque de nervos...




Mais um lance no jogo Espanha versus parceiros da zona do euro(leia-se Alemanha): estender para 2014 o prazo para a Espanha reduzir o seu defícit orçamentário para 3%, desde que demonstre controlar a gestão fiscal das regiões autonomas e apresente um orçamento credível. A primeira demanda é música agradável para o ouvido dos conservadores espanhois que, agora podem tomar as medidas por eles sonhadas contra as regiões autonomas. Enquanto isto o mercado continua comportando-se como vampiro sedente de sangue cobrando retornos maiores sobre os titulos de 10 italianos e espanhois. Em leilão, com baixa procura, nesta quarta-feira, a Italia conseguiu colocar 2.34bilhões de titulos de 10 anos pagando o maior juro desde janeiro do corrente ano, 6.03%, e 3.4bilhões de titulos de 5 anos, com yields de 5.66%, contra 4.86% do último leilão. O spread do titulo italiano em relação ao benchmark alemão está em 465 pontos base, enquanto que o benchmark espanhol chegou a 6.7% e a diferença em relação ao alemão encontra-se em 532 pontos bases. Ambos, valores recordes e perigosos e que, por isto mesmo, exigem uma resposta rapida da comissão europeia e, principalmente, da Alemanha. A necessidade de aporte da ESM pra socorrer os bancos espanhois está se tornando inevitável, assim como a extensão da proteção aos depositos bancários de toda a zona do euro. Posso estar errado, mas me parece ser apenas uma questão de tempo. A medida ajudaria a reduzir o clima de ansiedade existente no mercado e seria uma contrapartida, razoavel, as medidas de austeridades e reformas implementadas por vários países.

O relatorio públicado nesta quarta-feira pela Comissão Europeia apresenta uma cenário surpreendentemente benigno da economia italiana, principalmente na questão fiscal. É um grande surpresa, inclusive para este bloguista, um eterno otimista, que ainda se recorda do cenário catastrofico desenhado por esta mesma comissão pra a economia italiana. Parece que o super Mario, realmente, está fazendo milagres e alem disto é um indicador do exagero criado pela midia anglo americano em relação a real situação econômica da zona do euro. Ela continua sendo delicada, mas a historia europeia nos ensina que os avanços no processo de integração ocorreram sempre em momentos de grandes dificuldades em que ninguem apostava um centavo no seu futuro. Não deverá ser diferente no corrente cenário...

terça-feira, 29 de maio de 2012

O arriscado jogo espanhol...


A Espanha fez tudo o que foi solicitado pelos parceiros da zona do euro e ao colher o resultado nada agradável, recessão, desemprego, resolveu pedir algo em troca: a recapitalização dos seus bancos pelo European Stability Mechanism. Este parece ser o fundamento da sua decisão de anunciar, sem consultar o ECB, a proposta de capitalização do Bankia através de um criativo mecanismo de troca em que ele receberia titulos soberanos a serem usados junto ao ECB. Como esperado este último não gostou nada idéia e a recusou. Isto, naturalmente, já era esperado pelo governo espanhol e não deverá alterar a sua estratégia de confronto com Berlim o que leva a inevitável questão: qual a chance dela ter sucesso? Primeiro é bom lembrar que a Espanha não é Grecia, Irlanda ou Portugal, sua situação fiscal é bem melhor, e dado o tamanho da sua economia um bail out no estilo adotado nestes países não é possível, nem tão pouco necessário, já que o problema está restrito aos seus bancos. A capitalização através do ESM realmente parece ser a melhor opção e a pior, seguramente, seria o governo espanhol chamar para si a responsabilidade de garantir a sobrevivência dos bancos através da injeção de recursos públicos. O resultado seria perder um dos seus trunfos, a relação divida/pib, que abriria o caminho para um inevitável bail out não apenas dos bancos, mas,também, da Espanha. Como no caso do Bankia,a opção foi outra é de se imaginar ser uma estratégia usada para colocar contra a parede a Alemanha, usando o argumento que a Espanha é grande demais para quebrar, ainda mais depois de ter feito a lição de casa. Enquanto isto o mercado toca a música já conhecida no baile de mascaras italiano: manutenção do spread em relação ao título alemão um pouco acima dos 500 pontos base, mas estável, e redução no spread entre os juros dos titulos espanhois de curtos e longo prazo. Como a Espanha já rolou mais da metade do valor que tinha que captar no corrente ano, a situação esta sobre controle e é bem diferente do cenário do inicio de ano, o que lhe permite participar deste jogo arriscado, mas necessário, com a Alemanha.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Faniquitos na Espanha...


Mais um começo de semana agitado, desta vez devido a velha desconfiança do mercado em relação a solidez dos bancos espanhois em razão dos 180bi de euros em emprestimos imobiliários.A necessidade de socorrer o Bankia, 19bi de euro, é visto como prenuncio do que poderá ocorrer com os outros bancos e para piorar o cenário o governo espanhol escolheu um meio pouco ortodoxo para financia-lo: swap de titulos da divida pública em troca de participação acionária, 90%, que implica em confessar estar temeroso de recorrer ao mecanismo normal para levantar os recursos para salvar o Banquia. Não é o tipo de confissão recomendável, quando sua economia esta passando por um momento delicado. Detalhe, ignorado pelo genio espanhol.

O resultado: queda nas ações do Santander, 3.2%; Bankia, 13% e Banco Popular 7,5%. O benchmark, titulo de 10 anos, em 6.5% e o spread de 500 pontos base em relação ao equivalente alemão. É mais tranco, naturalmente, mas não altera substancialmente a posição espanhola que continua na marca do penalti. Alias, nunca deixou esta posição.

Enquanto isto na Grecia o partido da Nova Democraia, lidera as pesquisas para a eleição de 17 de junho, que somente não é uma excelente noticia, porque o numero de indecisos ainda é muito alto.

domingo, 27 de maio de 2012

sexta-feira, 25 de maio de 2012

A última de Berlim...




Em mais uma demonstração de falta de tato, a Alemanha, segundo a Spiegel, deverá apresentar uma proposta de "European Special Economic Zones", para solucionar os problemas dos países em dificuldades na zona do euro. Ela inclui incentivos fiscais; reforma do mercado de trabalho na linha da adotada pela Alemanha, com maior facilidade de demissão e menor contribuição social; fundo pra gerir o processo de privatização das empresas estatais; sugestão de adoção do sistema educacional alemão. O recado é bem claro: para receber nosso dinheiro, voce deverá, antes, adotar o nosso modelo de economia. É fato que o ele mostrou uma capacidade incrivel de resistência as turbulências econômicas e é um bom ponto de partida, mas é preciso lembrar que ele é o resultado da própria evolução/reforma do modelo alemão que surgiu no pós guerra e seria um equivoco imaginar ser possível exporta-lo, sem as devidas, adaptações para o resto da zona do euro. É merito dos alemães terem reconhecido e implementado as mudanças em seu modelo. Os italianos deveriam ter o feito o mesmo com o seu, porém, optaram por acreditar no conto de fadas vendido pela figura nefasta que dominou a política italiana por um período demasiado logo ate mesmo para os padrões deles. É reformar é preciso, também, na Espanha; já na Grecia a situação é um pouco mais delicada e a palavra mais apropriada é a refundação do seu Estado.

A proposta alemã, ainda não oficial, tem tudo para entrar para lista de outras tantas natimorta e, por isto mesmo, é a cereja do bolo de mais uma semana de faniquitos a espera do resultado das eleições gregas. Até lá, a pressão sobre o eleitorado grego deverá somente aumentar visando a obtenção do único resultado que interessa a Bruxelas: uma maioria favorável ao respeito as medidas de austeridade. Á idéia, ventilada ate por analistas respeitáveis, sobre a inevitabilidade da saída da Grecia é parte desta estratégia.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Nos que sonhamos o impossível...



Em reunião esta noite, um dos participantes observou que no ambiente cultural nos anos finais da segunda metade dos anos 70, na USP, se fazia presente dois temas: a defesa da justiça e da democracia. No caso desta última não se resumia, apenas, ao seu restabelecimento, mas, também, e principalmente, na defesa de uma idéia de democracia em processo, permanente, de aprofundamento. Segundo ele, nada disto se faz presente no ambiente cultural atual. Muito pelo contrário. Hoje há quem defenda, abertamente e sem nenhum pudor, a desigualdade social e o aprofundamento da democracia sequer é mencionado. Concluiu, sua intervenção, lamentando, que passados mais de trinta nos, os problemas que a todos mobilizava, naquele período, não foram solucionados. Em rapido bate papo, depois da reunião, argumentei que os numeros não justificavam o seu pessimismo: o país está muito melhor e as mudanças são visiveis, por ex, na periferia sul da cidade de sp. Como ainda se mostrava cético, lembrei do aumento da oferta de bens culturais iniciado na administração da Marta e ampliado nas que a ela se seguiram. Em esforço final, para convence-lo, recordei das diferenças gritantes dos bairros dos endinheirados na Europa e Estados Unidos. Concordou, somente com a minha descrição deste último.

Não entendo esta forma de pessimismo, ainda que compreenda a falta de paciência com o lendo progresso na redução das desigualdades sociais, principalmente, pelo fato do país passar por um de seus melhores momentos econômicos.O fato é, que mesmo reconhecendo que o processo poderia ser um pouco mais rápido, as expectativas daquele período não eram realistas,. Não existem receitas magicas e um mundo socialmente menos injusto ainda parece ser o melhor objetivo. Em outras palavras, ele diria, voce está afirmando que a desigualdade pode ser reduzida, mas não eliminada. Para esta questão, não tenho resposta. Alguem tem?

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Mais faniquitos




Mais um dia de faniquito que deverá se repetir, com alguma frequencia, ate conhecermos o resultado das eleições gregas. Ate lá, promessas serão feitas, planos esboçados, encontros informais poderão acontecer, sem que se produza nenhuma resultado ou se tome qualquer decisão. Tudo depende da escolha, soberana, do eleitor grego, que, naturalmente, deverá sofrer todo tipo de pressão, velada ou não, para votar de acordo com o que se espera em Berlim. É a velha e conhecida dinamica europeia levada a sua potencia máxima, que para os não iniciados, é sempre causa pessimismo, mas que, via de regra, acaba, em seu próprio tempo, em final feliz. É o caso, atualmente, da questão do pacto pelo crescimento que nada mais é que grandes investimentos em projetos de infra-estrutura que tudo indica serão financiados pelo Banco Europeu de Investimento o que, por sua vez, implica em aumentar o seu capital. Os dois eventos: decidir quais projetos e quanto de capital adicional será necessário, devem demorar o tempo suficiente para forçar os países em dificuldades a implementarem as reformas acordadas.

Um fato já parece ser consensual: em que pese a existência de um Plano B, ele nunca será usado, já que a saída da Grecia da zona do euro é uma hipotese com consequencias tão desastrosas que jamais acontecerá.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Stop and go...

Diante da perspectiva cada vez mais provável de crescimento abaixo dos 3%, a atual administração resolveu retomar medidas colocadas em pratica, com sucesso, no passado recente: redução do IOF das operações de crédito ao consumidor de 2,5% para 1,5%; redução dos juros para comprar de maquinas, equipamentos, obras; redução no compulsorio dos banco; redução do IPI sobre os carros nacionais e importados. É o renascimento, versão Dilma, do stop and go. Não se pode, naturalmente, criticar o governo por estar se mexendo, parado que não poderia ficar, resta saber se a colheita será tão generosa quanto se espera. A probabilidade disto ocorrer não é grande, haja vista, a situação de endividamento das familias e o tempo transcorrido entre as medidas atuais e as do passado recente ser muito pequeno, para justificar a troca de bens pelo número, diminuto, de familias com capacidade de endividamento. É verdade que a redução das prestações é um forte incentivo, porem, não o suficientemente forte para gerar um volume de demanda como àquela período do Lula.As familias brasileiras, ao contrário das americanas, felizmente, ainda não estão dispostas a assumir um endividamento alem do razoável e este comportamento deve ser elogiado e não criticado. Afinal forte endividamento criado, artificialmente, por crédito barato nunca acaba bem.

Confesso, não considerar justificável a redução do IPI dos carros, me parece que a redução do IOF seria suficiente. A razão parece ser basicamente política; um agrado ao eleitorado do mais importante político do grande ABC e, por acaso, candidato a governador de SP. O mundo é governado pela política e várias medidas que não se justificariam pela criterio estritamente econômico, não raro, devem ser implementadas. Não é o caso, contudo, da redução do IPI.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Chesnais


No fim semana, enquanto tentava sobreviver a uma maldita dor na coluna, li o o que é, provavelmente, o mais recente texto do economista marxista François Chesnais, sobre "as raizes da crise econômica mundial", que será apresentado, por um colega de trabalho, em seminário a ser realizado no dia 29/05/12 - 3ª-feira - 11:15h – Sala 132 - 1º andar do prédio novo (RBM)PUC/SP - Rua Ministro de Godoy, 969
Chesnais apresenta dados interessantes sobre a economia mundial, mas a sua análise, infelizmente, é muita pobre com os chavões tradicionais no campo marxistas sobre superacumulação de produção e superprodução de mercadorias, riqueza abstrata, sede insaciável de mais valia do capital, aumento da pobreza e pauperização dos assalariados. A impressão, ao final da leitura, é que o texto poderia ter sido escrito no inicio do seculo passado. O carater determinista da produção teorica marxista é impressionante, assim como sua aversão moralista ao setor financeiro. É o tipo de análise teorica que sempre agrada, já que não exige grande esforço intelectual, e parece explicar, aparentemente, tudo o que acontece no mundo, sem demandar a discussão e apresentação de propostas pra correção do problema. Afinal, argumentaria um marxista, o sistema não permite correção e a única solução é sua superação pela via recolucionária. Enquanto isto não acontece, nada pode ser feito para minimizar e/ou administrar a crise. Somente nos resta esperar pela parteira...


O fato da taxa de lucro em valores ser diferente daquela que embasa as deciões dos empresários não parece preocupa-lo, mas deveria, já que invalida boa parte da análise por ele apresentada. Alias, no campo da teoria econômica marxista, quase nada sobreviveu ao embate teorico com os neo-ricardianos nos anos 70 do seculo passardo, o que torna o marxismo ainda mais irrelevante e justifica o fato de continuar a ser ignorado pela grande maioria da comunidade dos economistas, como argumenta Brewer em artigo na HOPE(1995).

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Há luz no fim do tunel...



Mais uma semana de alta ansiedade devido a instabilidade política grega e temores em relação a saúde de alguns bancos espanhois de medio porte e risco de contaminação sobre bancos maiores e solidos e impacto sobre a complicada situação fiscal espanhola. A Espanha continua na marca do penalti, mas sem alteração significativa em relação a semana passada e por isto não é excesso de otimismo considera-la estável. Os juros do leilão desta semana subiram, porem ainda se encontra em patamar administravel, o mesmo sendo o caso do titulo de 10 anos. A demanda foi boa e como ela já captou mais da metade dos recursos necessários para a rolagem do presente ano, tem um ainda certo grau de liberdade na escolha em relação aos próximos leilões.

Segundo a Reuters, a primeira pesquisa eleitoral após a convocação da eleição de Junho, coloca o partido Nova Democracia, na liderança, com 26/1% e o SYRIZA com 23.7%. Traduzido em numero de representante eleitos, 123, e somando aos do PASOK(socialista), 41 cadeiras, seria o suficiente para garantir uma maioria de 14 cadeiras, em uma parlamento com 300 deputados. No sistema eleitoral grego o primeiro colocado ganho um bonus de 50 cadeiras, por isto é fundamental deslocar o SYRIZA do primeiro posto. É apenas a primeira e por isto é prematua tirar qualquer conclusão sobre a tendencia do eleitorado, mas pelo menos sinaliza que, com algum esforço, será possível convencer o povo grego que a eleição de junho é antes de mais nada um referendo sobre a participação na comunidade europeia.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

O mordomo não é o culpado...




O leilão de títulos de curto prazo espanhol realizado nesta quinta-feira foi um sucesso, apesar da elevação dos yields. O yield do titulo com maturidade em janeiro de 2015 ficou em 4.375%, contra 2.89 do leilão de abril; já o de julho 2015, apresentou pequena variação ao último leilão no inicio de maio, 4.876% contra 4.037%.O yield do titulo com vencimento em abril ficou 5.106%, contra 3.374 de Março. A procura foi muito boa: o "bid-to-cover ratio", que expressa a demanda pelos títulos, foi 3 vezes o valor ofertado para os titulos com vencimento em julho de 2015, 4.4 para aqueles com maturidade em janeiro de 2015 e 2.4 para os titulos de abril 2016. Dado o ambiente criado pela situação grega e os rumores sobre fuga de correntistas do Bankia, o resultado ficou muito acima do esperado, demonstrando que ainda não há contágio, como atesta, também, o valor do titulo de 10 anos, estável em 6.3%. Bem acima do desejado,mas, pelo menos volátil que ontem, quando chegou a 6.5%.

O cenário continua delicado, mas longe do apocalipse, sugerido pela midia britanica e seguidores no grande bananão e, por isto mesmo, não é o responsável pela situação desastrosa da economia inglesa - segunda recessão e forte pressão inflacionária - tão pouco pelas incertezas em relação a brasileira. O culpado pelos números da primeira é a limitada visão de política econômica dos conservadores, já a segunda é o conhecido voluntarismo dos desenvolvimentistas.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Esperando por Junho...



...A pressão dos lideres da comunidade europeia sobre a elite política grega ganhou um dimensão ainda maior e mais forte com o pronunciamento do Barroso, um dos maiores defensores da causa grega em Bruxelas: ficar ou sair da comunidade europeia é a opção colocado ao eleitorado grego nas eleições de junho. A opção refutar a austeridade e a zona do euro, mas permanecer na comunidade européia esta definitivamente descartada. A eleição é um referendo sobre a comunidade europeia e não sobre as medidas de austeridade. No caso do eleitorado escolher o partido/coalizão contrária a austeridade e se ele manter-se fiel ao seu eleitorado e mantiver a oposição as medidas de austeridade, o impensavel será uma realidade: o convite para a Grecia deixar a comunidade... A probabilidade disto ocorrer é pequena, haja vista, que a maioria do eleitorado grego - algo como 3 em 4 eleitores -não tem a menor intenção de abandonar a comunidade europeia. Se a estratégia vai dar certo só o tempo dirá, mas a minha aposta é que o eleitorado e ou a coalizão/partido contras as auteridades vão acabar cedendo.

Enquanto isto, continua os faniquitos, com o benchmark alemão atingindo 6.5%, fechando em 6.3% e o italiano em 5.83%, e o spread do primeiro em relação ao espanhol na casa dos 500 pontos base. Já o francês continua estável. O grande teste para a Espanha será o leilão de titulos de curta prazo nesta quinta-feira.

A volatilidade deverá manter-se até as eleições de junho, mas poderá ser menor caso as pesquisas eleitorais indiquem mudanças no resultado das eleições gregas...

terça-feira, 15 de maio de 2012

Os cães ladram, mas a caravava europeia não para...


Como esperado,fracassaram as várias tentativas de formação de novo governo na Grecia e a solução democratica é retornar as urmas em Junho e torcer para o retorno do bom senso aos eleitores gregos. Insistir em votar em partidos contra o acordo assinado com os parceiros da comunidade europeia esperando com isto garantir a manutenção do bem bom sem nada pagar é uma grande tolice: mesmo a contragosto o próximo governo será obrigado a escolher ficar na comunidade europeia e aceitar as medidas de austeridade ou dela ser expulso. Não é dificil antecipar qual será a escolha.

Enquanto isto a velha Alemanha mostra a sua força, com crescimento do PIB, 0.5%, no primeiro trimestre, devido, ao bom desempenho das exportações liquidas. É um resultado inesperado, que afasta a zona do euro da recessão e reforça sua defesa de medidas de reformas e austeridade na zona do euro. A performance da França não foi das melhores, com zero de crescimento, já a Italia apresentou queda de 0.8, a terceira seguida. A boa situação da economia alemã tem impactado positivamente sobre a de seus parceiros, como atesta o aumento das exportações italianas para a Alemanha,11%, e a espanhola, em valor um pouco menor, mas ainda assim significativo, 4%. Esta reconfiguração esta apenas no inicio e deverá ganhar maior força se de fato as autoridades alemães aceitarem aumento nos salários e um pouco mais de inflação. Com isto ela estaria cumprindo a sua parte no caminho rumo ao equilibrio interno à zona do euro, sem impor um custo demasiado alto aos demais parceiros. Resta torcer para ser este o caso, já que demonstraria que a solidariedade, fundamental para o sucesso do projeto europeu, ainda não morreu...

Como mencionado em outro post, o caminho da retomada do equilibrio interno na zona do euro é um caminho longo e sujeito a chuvas e trovoadas..., mas esta condenado a sobreviver em razão da triste historia europeia do seculo passado.




segunda-feira, 14 de maio de 2012

Um presente de grego...



Mais um inicio de semana agitado, com boatos e alta ansiedade a respeito do futuro da Grecia na zona do euro. O que antes era discutido entre quatro paredes e em voz baixa, agora ganha o espaço público e é turbinado por várias figuras menores, entre as quais, Osborne, do Reino Unido, que culpa a zona de euro, principalmente a Grecia, pela pessima performance econômica da perfida albion. Não, a culpa não é da austeridade, argumentou. Oh Deus! Tem que ser cara de pau e sem nenhuma hombridade para não assumir o resultado, negativo, das medidas que ele colocou em prática. Mas, vivemos em um mundo de homens pequenos, vazios e pateticos. Atores a procura de um texto a altura da mediocridade que ostentam sem nenhum constrangimento.

Como explicar mais este faniquito do mercado? A Grecia vai realmente sair da zona do euro? A resposta para a segunda questão é não. Abandonar a zona do euro, implica em abandonar a comunidade europeia, pelo menos é isto que consta do acordo que ela assinou. Nele não há espaço para plano B, mas, diria alguem contrário ao projeto europeu, é sempre possível, colocar o acordo legal de lado e sair pela porta dos fundos. Pouco provavel, já que o ganho para a Grecia seria pequeno e o precedente criado teria um impacto absurdo sobre o futuro do projeto da zona do euro. Se um país em dificuldade opta por sair sem pagar nenhum pedagio, abre a possibilidade para que o outros, em situação parecida, no futuro, escolha a mesma rota e isto seria o fim do projeto da zona do euro. Em outras palavras, o problema não é, apenas, a saida da Grecia em si, que teria um impacto, econômico, maior sobre ela, que sobre a zona do euro, mas o sinal que passaria sobre o propria solidez do projeto do euro. O risco de contágio serio muito grande e dificil de ser contido. Por isto me parece que ao falar abertamente da possibilidade de saida da zona do euro, os lideres europeus, estão fazendo pressão sobre a esquerda grega que insiste em renegar o pacote negociado, mas não se mostra disposta a abondonar a comunidade europeia, pela simples razão que a população grega, também, não se mostra disposta a perder o bem bom recebido nos últimos anos e quer continuar na comunidade, mas sem completar o ajuste, necessário, que em parte ela já cumpriu.É verdade que há ainda um longo caminho a ser trilhado porém, dentro ou fora da zona do euro, as reformas são necessárias e por isto seria uma tolice tamanha dar adeus aos primos ricos...

domingo, 13 de maio de 2012

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Não foi, ainda, uma tragedia gregra..


Na zona do euro foi uma semana de grande ansiedade e decisões importantes, cujo resultado, por enquanto esta longe de ter sido uma tragedia. O resultado da eleição grega amplia, sem dúvida, não é o bem vindo e mantem a instabilidade polítca que impacta negativamente sobre as negociações com a troica. E um cenário, no entanto, que não pode ser considerado uma grande surpresa, o mesmo, alias, aplica-se ao resultado da eleição presidencial francesa. Como mencionado em outro post, o essencial não deverá se alterar, mas ajustes, marginais, estão na agenda, como maior flexibilidade da meta fiscal, seja no valor, como no tempo necessário para alcança-la.

O grande evento da semana foi aquisição/injeção de 4.5 bilhões de euro do tesouro espanhol Bankia e o anuncio, nesta sexta feira de medidas visando solucionar a delicada situação dos bancos espanhois: provisão adicional de 30 bilhões de euros para cobrir a exposição no mercado imobiliário e, ate o final do ano, separação entre emprestimos para o setor imobiliário de outros emprestimos. Bancos com dificuldades em relação a primeira medida, poderão solicitar emprestimos junto as autoridades espanholas que foram agraciadas com 15 bilhões de euros para esta finalidade. A reação do mercado não foi a esperada: benchmark(titulos de 10 anos) fechou acima dos 6%, com queda as ações do principais bancos da espanha. O calcanhar de aquiles da proposta é os 15 bilhões, muito aquem do valor considerado adequado pelo mercado, mas a idéia é muito boa e poderá, finalmente, resolver o problema da fragilidade dos bancos espanhois. Acredito que na próxima semana o mercado deverá reavaliar e concluir que é uma boa proposta, ou pelo menos um bom ponto de partida.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Ainda não leu o Teoria Geral?



Segundo o jornal Valor o IPCA "surpreendeu negativamente economistas",heterodoxos, presumo, já que os demais, haviamos, alertado ser necessário esperar o número de abril para ter um retrato adequado da inflação. Portanto, este pobre blogueiro, modestia aparte, não está nenhum pouco surpreso, e sua opinião, a respeito de abril, está registrada em vários posts. Tão pouco é surpresa a excelente performance da massa salarial real, da ocupação e do rendimento real no primeiro trimestre, indicativos de um mercado de trabalho em pleno emprego e cuja pressão sobre a demanda não é maior em razão do endividamento das familias. O comportamento deste último é fundamental para entendermos o desempenho da economia e da inflação no segundo semestre. A minha aposta continua sento num segundo semestre com uma demanda mais forte que, somado a manutenção da política cambial, deverá refletir em mais pressão sobre a inflação.

Parece que a Presidenta não gostou nada do último informativo semanal da Febraban. Uma passagem, em particular, parece te-la incomodado: "alguem já disse que você pode levar uma cavalo até a beira do rio, mas não conseguirá obrigá-lo a beber".Não sei se alguem já lhe informou que ele é considerado o mais antigo(primeiro registro é de 1175) proverbio, ainda em uso, no mundo de lingua inglesa, "You Can Lead A Horse To Water But You Cant Make It Drink". Ele expressa, com apropriada ironia, a visão do Keynes a respeito da política monetária. Fato este conhecido por quem já leu o Teoria Geral do Keynes , como é o caso, de todos os alunos da disciplina de Macroeconomia I, do curso de graduação em economia da Católica de SP. É nestas horas que se percebe a importancia da formação baseada no estudo dos textos originais do autores e não, apenas, em livro texto, como é regra na maioria dos cursos de graduação em economia.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Sobre Poodle, Banco Central e Estadão




"A domesticação do Banco Central (BC) poderá custar caro ao Brasil, como custou, em outros tempos, a sua subordinação ao ministro da Fazenda ou a quem comandasse a política econômica. Longe de ser um luxo, a autonomia operacional da autoridade monetária é uma garantia de segurança contra desmandos do governo, um contrapeso para a irresponsabilidade fiscal e uma proteção contra a política eleitoreira e os interesses partidários de curto prazo. As lições de um passado não muito remoto mantêm clara a lembrança de todos esses males. Ninguém, no Palácio do Planalto, deveria desconhecê-las. No entanto, já não pode haver dúvida sobre a influência da presidente Dilma Rousseff na política oficial de juros, principal instrumento da administração monetária. A mansidão do presidente do BC diante da ingerência palaciana encoraja as pressões de ministros, empresários, sindicalistas e políticos e desmoraliza a instituição"(Editorial do Estadão de 09.05.2012).


O paragrafo acima é o primeiro de um editorial virulento do velho jornal Estadão acusando o Banco Central de ter sido domesticado pela atual administração. Infelizmente, devo reconhecer que ele tem razão. A aposta atual de política monetária do Banco Central é resultado de uma decisão política da atual administração, que ele aceitou com extrema docilidade e obediência. Com isto o Bacen deixa de ser o Poodle do mercado e passa a ser o Poodle da Dilma. Não deixa de ser avanço, afinal ela foi - é sempre bom lembrar - democraticamente eleita. A autonomia operacional está longe de ser um tema consensual e entre os opositores, no passado, encontramos figuras como Simonsen e a Dama de Ferro, não exatamente conhecidos pelo esquerdismo político. Sou favorável a autonomia operacional, por reconhecer que o horizonte do político não é o mesmo da política econômica. Reconheço, no entanto, que se, por um lado resolve um problema, cria, potencialmente, um outro: o risco do Banco Central ser capturado pelo mercado e por isto me parece que deveríamos olhar com carinho para o longo e bem sucedido histórico do Itamaraty, como modelo a ser adotado - com as alterações pertinentes - pelo Bacen, que deve estar a serviço do interesse nacional e não deste ou daquele agrupamento político.

O Banco Central errou feio ao responder ao Estadão.Ao faze-lo confirmou as acusações e, pior ainda, seu Presidente, demonstrou, mais uma vez, não estar a altura do cargo que ocupa. A liturgia do cargo exige um padrão de comportamento que ele parece ser incapaz de aceitar e desempenhar.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Melhor do que o desejado pela midia anglo-americana



Enquanto os politicos grecos com seu radicalismo infantil, botam lenha da fogueira da instabilidade política e econômica de um dos lugares mais bonitos deste planeta, a midia aos poucos vai reconhecendo que nada de essencial deverá ser alterado com a eleição do Hollande. Afinal, governos de orientação politica diferentes na Alemanha e na França, no passado, foram ótimos parceiros e fundamentais no bom andamento do projeto de integração europeia. Não há motivo algum para esperar algum diferente da dupla Merkel e Hollande. O interesse nacional e a memoria da carnificina do século passado, são fortes incentivos para a manutenção da histórica parceria destes dois paises. Fato este conhecido pela midia britanica, que parece, como sua elite política, torcer para que não tenha vida longa. Desejo que dificilmente será realizado.

Boa parte da Europa patina, mas a velha Alemanha, continua dando sinais que, por enquanto, continua vivendo em outro mundo, como atesta a boa performance da produção industrial em março: crescimento de 2.8%. Risco de recessão diminui bastante, ainda que, não possa ser descartado. Naturalmente este resultado poderá ajudar a desanuviar um pouco o ambiente na zona do euro, mas não tanto quanto seria necessário. Medidas favoraveis ao crescimento continuam sendo urgentes, sem contudo, negar a austeridade. Lembrando que a oposição entre as duas é falsa e fruto das tolices dos dois lados que disputam a hegemonia da agenda da politica econômica na zona do euro.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Apenas um breve faniquito



O mercado, por enquanto, reagiu muito bem ao resultado da eleição de um socialista para Presidente da França. Na abertura, houve um certo faniquito, rapidamente superado, com os spreads entre o titulo de 10 anos alemão, inalterado no caso italiano e pequeno aumento em relação ao espanhol. A vitoria do Hollande era esperada e ele, apesar de pouco conhecido, é mais um produto da ENA, a escola de formação de quadros da elite francesa. A relação com a Alemanha, não deverá mudar significativamente e os dois continuam dando as cartas na União Europeia. É bom lembrar que a posição do eleito em relação a atuação do BCE não é diferente da visão do ex-presidente o que implica afirmar que alguma forma de acomodação deverá ser negociada, sem alterar a essência do compacto fiscal. Um prazo e valor maior é menos relevante que um compromisso, crível, que o desequilibrio fiscal será enfrentado e resolvido. O mercado está mais preocupado com este compromisso, que com os prazos, pelo menos em relação a alguns países. A relação com a Merkel deverá, inclusive, melhorar, já que ele, ao contrário do seu predecessor, é um homem normal, dentro do figurino que o povo frances espera de seu presidente.

Preocupante o resultado da eleição na Grecia que, provavelmente, levará a novas eleições em um curto espaço de tempo, aumentando ainda mais as incertezas em relação ao seu futuro. Outra fonte de preocupação é a decisão da Espanha de sair em socorro do seu terceio maior banco. A frágil situação do seu sistema bancário era bem conhecida, mas não se imaginava que seria necessario colocar recursos públicos para evitar um cenário ainda pior. Resta esperar para saber o impacto sobre a já complicada situação do estado espanhol, assim como a reação do mercado.

domingo, 6 de maio de 2012

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Noticias do Imperio...


Os números do mercado de trabalho americano confirmam, mais uma vez, a avaliação deste pobre blogueiro a respeito da anêmica recuperação da economia americana. Foram criados 115.000 novos postos de trabalhos, quando o esperado era cerca de 160.000, como o número será revisado, e tomando como parametro a revisão dos números de fevereiro e março - que adicionou mais 53.000 mil postos de trabalho - não é improvável que ele fique próximo do valor esperado pelo mercado. Contudo, isto não não altera o aspecto mais importante do mercado de trabalho no Imperio: o mumero de adultos na força de trabalho continua em queda, tendo alcançado o valor de 1981, 63.6%, o que torna pouco relevante a queda no desemprego, 8.1% contra 8.2% do mês passado. Em outras palavras, aumentou o numero de americanos sem esperança de encontrar emprego o que implica afirmar que não se trata, apenas, de desemprego criado pelo ciclo de negócios, mas algo mais grave, desemprego estrutural. Como não se sente encorajado a procurar emprego, tende a ficar um período mais longo fora do mercado de trabalho o que, por sua vez, torna o seu retorno ainda mais difícil, já que ficará desatualizado em relação ao conhecimento requerido pelo mercado de trabalho.

Infelizmente os números não são ruins o suficiente para, justificar, a adoção de um nova rodada de QE, em um ambiente político fortemente polarizado em razão da eleição presidencial. Isto reduz o grau de liberdade do policy maker na área fiscal e na monetária. Bernanke deverá esperar por novos dados para tomar qualquer decisão,mas, minha aposta é em nova rodada de afrouxamento monetário(QE).

No grande bananão, a reação da velha e da nova direita à mudança na remuneração da poupança foi, como esperado, negativa, merecendo destaque a manchete do Jornal da Ditranda, cuja especialidade parece ser transformar noticia boa em tragedia nacional.E pensar que o diretor de redação, quando jovem, já foi um homem de esquerda e esperança de uma imprensa renovada a serviço do Brasil.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Tudo pelo crescimento...




Parece que finalmente a atual administração resolveu encarar o vespeiro político chamado remuneração da poupança. Qualquer menção à mudanças, mesmo que necessárias, é doloroso e perigoso, politicamente falando,em razão da memória do famigerado plano collor. As propostas que circulam pela midia parecem bem interessantes e garantem uma remuneração adequada da poupança, sem manter a política de juros na camisa de força do modelo atual. Sem a alteração no sistema atual, seria dificil manter a politica da atual administração de corte agressivo da taxa de juros, já que com as taxas cobradas pelos bancos, mais o IR, outras formas de investimentos perderiam para a poupança e ,no limite, colocaria em risco a própria rolagem da divida pública. A opção brigar pela redução das taxas dos bancos, ainda que correta, parece ter sido descartada, já que o resultado seria bastante incerto.

Com a decisão de mudar as regras da poupança, a atual administração deixa claro, se necessário ainda fosse, sua disposição de levar a taxa de juros para um nível que será histórico e, por isto mesmo, uma marca da gestão Dilma. Se somarmos a esta decisão, a política em relação ao câmbio, não resta sombra de duvida quanto ao objetivo da política econômica: crescimento com inflação, ou seja a velha e manjada opção dos desenvolvimentistas. Por enquanto a inflação não é um problema mas, como mencionado em outros posts, dificilmente este será o caso a partir do segundo semestre e com certeza em 2013. Com a inflação colocada em segundo plano, a reversão da política monetária em 2013 passa ser pouco provável.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Tolices na america espanhola



Parece que a insensatez é altamente contagiosa na america espanhola. Primeiro foi a decisão da Presidente da nossa charmosa colonia, agora é vez do simpatico Presidente da Bolivia usar da mesma tática para agradar sua base social e eleitoral, que não anda nada feliz com o seu governo. Estatizar sempre agrada ao nacionalista de plantão, melhor ainda quando a empresa é da mesma nacionalidade da antiga metropole do período colonial. Vingança, tardia, mas vingança. Passada a euforia, uma questão se coloca: o que fazer com a empresa? afinal a Bolivia não tem condições de fazer os investimentos necessários e teria sido muito melhor ter forçado o antigo proprietário a faze-lo. Alem disto, há ainda a questão da percepção externa a respeito da segurança dos investimentos estrangeiros na Bolivia. Porque investir em um país em que há, aparentemente, um novo surto de expropriação do investimento externo? Ele é, sabidamente, fundamental para garantir melhores condições de vida ao sofrido povo boliviano. Imaginava que depois das tolices no inicio de seu governo e da adoção de uma política econômica que está longe, muito longe de ser populista, ele teria dado adeus aos devaneios do passado, a visão do estado como criador de riqueza e reconhecido que esta última é função do setor privado. Cabe ao estado garantir uma justa distribuição da riqueza criada pelo setor privado. Insistir no caminho estatista é um erro que será pago, como sempre, pelos mais pobres.

terça-feira, 1 de maio de 2012