As casas fecham as pálpebras das janelas e dormem.
Todos os rumores são postos em surdina,
todas as luzes se apagam.
Há um grande aparato de câmara funerária
na paisagem do mundo.
Os homens ficam rígidos,
tomam a posição horizontal
e ensaiam o próprio cadáver.
Cada leito é a maquete de um túmulo.
Cada sono em ensaio de morte.
No cemitério da treva
tudo morre provisoriamente.
Menotti Del Picchia
quinta-feira, 31 de julho de 2008
quarta-feira, 30 de julho de 2008
The Death of the Globalization Consensus
Interessante artigo do Dani Rodrik, ótimo economista muito citado, mas raramente compreendido, pela turma que se passa por economista em Barão Geraldo, Perdizes e alhures.
"The world economy has seen globalization collapse before. Are we about to witness a similar breakdown? Although economic globalization has enabled unprecedented prosperity, global markets suffer from weak governance, and therefore weak popular legitimacy." Para ler o artigo completo:
http://www.policyinnovations.org:80/ideas/commentary/data/000072
"The world economy has seen globalization collapse before. Are we about to witness a similar breakdown? Although economic globalization has enabled unprecedented prosperity, global markets suffer from weak governance, and therefore weak popular legitimacy." Para ler o artigo completo:
http://www.policyinnovations.org:80/ideas/commentary/data/000072
terça-feira, 29 de julho de 2008
Amorim e o interesse nacional
A decisão do Amorim foi correta ou é mais uma demonstração dos, vários, equívocos da política externa brasileira? Um importante e, raridade na área, conceituado jornalista a considerou uma traição ao Mercosul e, principalmente, a Argentina ainda envolta em uma crise política interna. Um colega lembrou da reação, segundo ele, equivocada no “affair” boliviano. Alias, ele não foi o único.
Na minha, modesta opinião, a reação, nos dois casos, foi correta. A aparente “benevolência”, no caso boliviano, oferece maiores ganhos no médio e longo prazo que os aplausos que a truculência poderia ter angariado junto aos nossos imperialistas. No caso da OMC, prevaleceu o interesse nacional, que exigia o abandono da defesa da posição Argentina. Considerá-la traição é demonstrar apego a uma visão ingênua das relações internacionais e ignorar o papel do interesse nacional que, dúvido, tenha sido, em algum momento, colocado de lado pela Argentina.
É tolice comparar o poder de fogo brasileiro, com o da Índia e China, não tanto pelo poder econômico, mas, principalmente, pela posição geopolítica de ambas no tabuleiro internacional.
Na minha, modesta opinião, a reação, nos dois casos, foi correta. A aparente “benevolência”, no caso boliviano, oferece maiores ganhos no médio e longo prazo que os aplausos que a truculência poderia ter angariado junto aos nossos imperialistas. No caso da OMC, prevaleceu o interesse nacional, que exigia o abandono da defesa da posição Argentina. Considerá-la traição é demonstrar apego a uma visão ingênua das relações internacionais e ignorar o papel do interesse nacional que, dúvido, tenha sido, em algum momento, colocado de lado pela Argentina.
É tolice comparar o poder de fogo brasileiro, com o da Índia e China, não tanto pelo poder econômico, mas, principalmente, pela posição geopolítica de ambas no tabuleiro internacional.
segunda-feira, 28 de julho de 2008
Worried Banks Sharply Reduce Business Loans
É... parece que o cenário americano ainda está longe de ser uma Brastemp...e lembra a letra de uma velha canção: a fonte secou, quero dizer que entre nós...
"Banks struggling to recover from multibillion-dollar losses on real estate are curtailing loans to American businesses, depriving even healthy companies of money for expansion and hiring.
Two vital forms of credit used by companies — commercial and industrial loans from banks, and short-term “commercial paper” not backed by collateral — collectively dropped almost 3 percent over the last year, to $3.27 trillion from $3.36 trillion, according to Federal Reserve data. That is the largest annual decline since the credit tightening that began with the last recession, in 2001.
The scarcity of credit has intensified the strains on the economy by withholding capital from many companies, just as joblessness grows and consumers pull back from spending in the face of high gas prices, plummeting home values and mounting debt."
Para ler o resto da reportagem do PETER S. GOODMAN( NYTimes, 28.07.08)http://www.nytimes.com/
"Banks struggling to recover from multibillion-dollar losses on real estate are curtailing loans to American businesses, depriving even healthy companies of money for expansion and hiring.
Two vital forms of credit used by companies — commercial and industrial loans from banks, and short-term “commercial paper” not backed by collateral — collectively dropped almost 3 percent over the last year, to $3.27 trillion from $3.36 trillion, according to Federal Reserve data. That is the largest annual decline since the credit tightening that began with the last recession, in 2001.
The scarcity of credit has intensified the strains on the economy by withholding capital from many companies, just as joblessness grows and consumers pull back from spending in the face of high gas prices, plummeting home values and mounting debt."
Para ler o resto da reportagem do PETER S. GOODMAN( NYTimes, 28.07.08)http://www.nytimes.com/
domingo, 27 de julho de 2008
O princípio de subsidiariedade
Ele é pouco citado e ,por isso mesmo, pouco conhecido, mas é o fundamento de várias propostas de políticas públicas – municipalização por ex. - que questionam a idéia de centralização ,na esfera mais alta do poder político, de decisões que dizem respeito ao cidadão e que poderiam ser transferidas para a esfera dele mais próxima . É apenas um, entre tantos “insights”, esquecidos da doutrina social católica.
“o princípio de subsidiariedade: uma sociedade de ordem superior não deve interferir na vida interna de uma sociedade de ordem inferior, privando-a das suas competências, mas deve antes apoiá-la em caso de necessidade e ajudá-la a coordenar a sua acção com a das outras componentes sociais, tendo em vista o bem comum” (Cf.Pio XI, Carta Enc. Quadragesino anno, I:l.c.,184-186)
“o princípio de subsidiariedade: uma sociedade de ordem superior não deve interferir na vida interna de uma sociedade de ordem inferior, privando-a das suas competências, mas deve antes apoiá-la em caso de necessidade e ajudá-la a coordenar a sua acção com a das outras componentes sociais, tendo em vista o bem comum” (Cf.Pio XI, Carta Enc. Quadragesino anno, I:l.c.,184-186)
sábado, 26 de julho de 2008
O homem da Gávea
Céu azul , muito sol: ate parece verão. O inverno paulista é sempre cheio de surpresas. O mesmo, infelizmente, não se aplica aos artigos do representante do espirito de Barão Geraldo na Folha. É o de sempre: o apocalipse nos espera na próxima esquina.
Já o artigo do representante da turma da Gávea é muito interessante. Para ele “engana-se quem acha que a comunidade dos economistas, a começar pelos de formação e persuasão convencional, está satisfeita em ver o Brasil na vergonhosa posição de campeão mundial de juros “. Mas então qual a explicação para posição brasileira neste campeonato? A resposta : “o Brasil não tem juros altos por que o BC é monetarista ou neoliberal, mas por que o crédito público no Brasil, ou as nossas contas públicas, ainda estão muito desarrumadas para que tenhamos juros de Primeiro Mundo.
Difícil discordar deste diagnóstico. Ate o mestre da turma do Barão Geraldo concorda. Contudo, sabemos que um diagnóstico correto, no âmbito da política econômica, não leva ,necessariamente, à medidas adequadas para solucionar o problema. Há sempre a variável política, mais precisamente o ciclo político. Não é a primeira e , dificilmente, a última vez em que ele interferi nas decisões de política econômica. Nem por isso me parece ser correto vociferar contra o grande beneficiário: o político. Ele é parte do jogo político em um sistema democrático, que não é perfeito, mas é de longe melhor que a solução alternativa dos sonhos, reprimidos, dos extremos à esquerda e à direita.
Já o artigo do representante da turma da Gávea é muito interessante. Para ele “engana-se quem acha que a comunidade dos economistas, a começar pelos de formação e persuasão convencional, está satisfeita em ver o Brasil na vergonhosa posição de campeão mundial de juros “. Mas então qual a explicação para posição brasileira neste campeonato? A resposta : “o Brasil não tem juros altos por que o BC é monetarista ou neoliberal, mas por que o crédito público no Brasil, ou as nossas contas públicas, ainda estão muito desarrumadas para que tenhamos juros de Primeiro Mundo.
Difícil discordar deste diagnóstico. Ate o mestre da turma do Barão Geraldo concorda. Contudo, sabemos que um diagnóstico correto, no âmbito da política econômica, não leva ,necessariamente, à medidas adequadas para solucionar o problema. Há sempre a variável política, mais precisamente o ciclo político. Não é a primeira e , dificilmente, a última vez em que ele interferi nas decisões de política econômica. Nem por isso me parece ser correto vociferar contra o grande beneficiário: o político. Ele é parte do jogo político em um sistema democrático, que não é perfeito, mas é de longe melhor que a solução alternativa dos sonhos, reprimidos, dos extremos à esquerda e à direita.
sexta-feira, 25 de julho de 2008
FEBEAPA
É inacreditável a capacidade de alguns ministros de perderem a oportunidade de ficar com a boca fechada. Neste verdadeiro FEBEAPA o Gaucho é hours councours, isto para não mencionar a Manteiga Derretida. Recentemente o responsável pelo setor agrícola resolveu participar do festival. Difícil entender o seu objetivo: aparecer?
O comentário da Manteiga Derretida é de chorar: nada faz para ajudar na área fiscal e ainda reclama do aumento dos juros. Parece ser um caso perdido. Melhor seria usar o tempo livre – aparentemente tem muito – para estudar um pouco de macroeconomia .
A Rodada de Doha já é complicada e o Amorim, seguramente, não precisa de ajuda da Quinta Coluna . Que tal seguir o famoso conselho do Rei de Espanha.
O comentário da Manteiga Derretida é de chorar: nada faz para ajudar na área fiscal e ainda reclama do aumento dos juros. Parece ser um caso perdido. Melhor seria usar o tempo livre – aparentemente tem muito – para estudar um pouco de macroeconomia .
A Rodada de Doha já é complicada e o Amorim, seguramente, não precisa de ajuda da Quinta Coluna . Que tal seguir o famoso conselho do Rei de Espanha.
quinta-feira, 24 de julho de 2008
De súbito cessou a vida
De súbito cessou a vida.
Foram simples palavras breves.
Tudo continuou como estava.
O mesmo teto, o mesmo vento,
o mesmo espaço, os mesmos gestos,
Porém como que eternizados.
Unção, calor, surpresa, risos
tudo eram chapas fotográficas
há muito tempo reveladas.
Todas as cousas tinham sido
e se mantinham sem reserva
numa sucessão automática.
Passos caminhavam no assoalho,
talheres batiam nos dentes,
janelas se abriam, fechavam.
Vinham noites e vinham luas,
madrugadas com sino e chuva.
Sapatos iam na enxurrada.
Meninas chegavam gritando.
Nasciam flores de esmeralda
no asfalto! mas sem esperança.
Jornais prometiam com zelo
em grandes tópicos vermelhos
o fim de uma guerra. Guerra?...
Os que não sabiam falavam.
Quem não sentia tinha o pranto.
(O pranto era ainda o recurso
de velhas cousas coniventes.)
Nem o menor sinal de vida.
Tão-só no fundo espelho a face
lívida, a face lívida.
Henriqueta Lisboa
Foram simples palavras breves.
Tudo continuou como estava.
O mesmo teto, o mesmo vento,
o mesmo espaço, os mesmos gestos,
Porém como que eternizados.
Unção, calor, surpresa, risos
tudo eram chapas fotográficas
há muito tempo reveladas.
Todas as cousas tinham sido
e se mantinham sem reserva
numa sucessão automática.
Passos caminhavam no assoalho,
talheres batiam nos dentes,
janelas se abriam, fechavam.
Vinham noites e vinham luas,
madrugadas com sino e chuva.
Sapatos iam na enxurrada.
Meninas chegavam gritando.
Nasciam flores de esmeralda
no asfalto! mas sem esperança.
Jornais prometiam com zelo
em grandes tópicos vermelhos
o fim de uma guerra. Guerra?...
Os que não sabiam falavam.
Quem não sentia tinha o pranto.
(O pranto era ainda o recurso
de velhas cousas coniventes.)
Nem o menor sinal de vida.
Tão-só no fundo espelho a face
lívida, a face lívida.
Henriqueta Lisboa
quarta-feira, 23 de julho de 2008
Estado indutor
O bruxo, em artigo da Folha de hoje, argumenta que “Há duzentos e cinqüenta anos a Economia Política mostra que o desenvolvimento é um fenômeno complexo condicionado pela cultura, pela história, pela geografia, pela antropologia etc., e que depende, para realizar-se, de um Estado-Indutor capaz de cooptar a sociedade para realizá-lo”
Conclui o artigo com a afirmação “bombástica” : “Nunca houve um processo de desenvolvimento sem a intervenção do Estado-Indutor.”.
Será que a convivência com o “avvocato” teria levado o bruxo pelo (dês)caminho da retórica vazia da turma de Barão Geraldo?
Afinal o que vem a ser o Estado Indutor? Sabemos não ser o Estado Produtor. Seria o Estado Regulador que surgiu com o processo de privatização? Ou um meio termo entre os dois tipos de Estado?
É um Estado vazio que paira sobre as classe sociais e grupos de interesses? Afinal o quem vem ser este Estado?
Muda-se o nome, mas não os objetivos e os pressupostos: O Estado Indutor determina a decisão do agente e a única diferença em relação ao Estado Produtor é a propriedade do resíduo, mas não o seu uso/alocação, que ,por sua vez, abre o espaço para a atuação dos grupos de interesses. Este Estado, naturalmente, somente mantem-se em pé, teoricamente, se negarmos toda a literatura sobre captura e o papel das informações na economia.
Conclui o artigo com a afirmação “bombástica” : “Nunca houve um processo de desenvolvimento sem a intervenção do Estado-Indutor.”.
Será que a convivência com o “avvocato” teria levado o bruxo pelo (dês)caminho da retórica vazia da turma de Barão Geraldo?
Afinal o que vem a ser o Estado Indutor? Sabemos não ser o Estado Produtor. Seria o Estado Regulador que surgiu com o processo de privatização? Ou um meio termo entre os dois tipos de Estado?
É um Estado vazio que paira sobre as classe sociais e grupos de interesses? Afinal o quem vem ser este Estado?
Muda-se o nome, mas não os objetivos e os pressupostos: O Estado Indutor determina a decisão do agente e a única diferença em relação ao Estado Produtor é a propriedade do resíduo, mas não o seu uso/alocação, que ,por sua vez, abre o espaço para a atuação dos grupos de interesses. Este Estado, naturalmente, somente mantem-se em pé, teoricamente, se negarmos toda a literatura sobre captura e o papel das informações na economia.
terça-feira, 22 de julho de 2008
Piadas sobre Economistas e Economia IX
—Quantos economistas da Escola de Chicago é preciso para trocar uma lâmpada ?
— Nenhum. Se a lâmpada precisa ser trocada o mercado fará isto por si próprio.
____________________________________
— Quantos economistas neoclássicos é preciso para trocar uma lâmpada ?
— Depende do nível dos salários.
________________________________________
— Quantos economistas conservadores é preciso para trocar uma lâmpada ?
— Nenhum. A escuridão fará com que a lâmpada se troque automaticamente.
— Nenhum. Se o governo não se intrometer, a lâmpada se trocará por si só.
— Impossível. Todos os economistas estarão esperando a mão invisível do mercado corrigir o desequilíbrio na iluminação.
________________________________________
— Quantos estudantes de doutorado é preciso para trocar uma lâmpada? (perguntado para um aluno)
— Estou escrevendo minha tese neste assunto. Deverei ter uma resposta para esta questão daqui a 5 anos.
________________________________________
— Quantos economistas keynesianos é preciso para trocar uma lâmpada ?
— Todos. Assim gerará mais empregos, aumentando o consumo, deslocando a demanda agregada para a direita...
________________________________________
— Quantos economistas do Banco Central é preciso para girar uma lâmpada ?
— Apenas um. Ele segura a lâmpada e a terra gira em torno dele.
________________________________________
— Quantos economistas marxistas são necessários para girar uma lâmpada.
— Nenhum. A lâmpada contém as sementes de sua própria revolução.
— Nenhum. Se a lâmpada precisa ser trocada o mercado fará isto por si próprio.
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— Quantos economistas neoclássicos é preciso para trocar uma lâmpada ?
— Depende do nível dos salários.
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— Quantos economistas conservadores é preciso para trocar uma lâmpada ?
— Nenhum. A escuridão fará com que a lâmpada se troque automaticamente.
— Nenhum. Se o governo não se intrometer, a lâmpada se trocará por si só.
— Impossível. Todos os economistas estarão esperando a mão invisível do mercado corrigir o desequilíbrio na iluminação.
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— Quantos estudantes de doutorado é preciso para trocar uma lâmpada? (perguntado para um aluno)
— Estou escrevendo minha tese neste assunto. Deverei ter uma resposta para esta questão daqui a 5 anos.
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— Quantos economistas keynesianos é preciso para trocar uma lâmpada ?
— Todos. Assim gerará mais empregos, aumentando o consumo, deslocando a demanda agregada para a direita...
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— Quantos economistas do Banco Central é preciso para girar uma lâmpada ?
— Apenas um. Ele segura a lâmpada e a terra gira em torno dele.
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— Quantos economistas marxistas são necessários para girar uma lâmpada.
— Nenhum. A lâmpada contém as sementes de sua própria revolução.
segunda-feira, 21 de julho de 2008
Rodada de Doha
Para um diplomata experiente, como é o caso do Amorim, a escolha da frase de autoria do Joseph Goebbel- uma mentira dita muitas vezes vira verdade - é, no mínimo, estranha. A reação americana, naturalmente, foi exagerada, ainda que compreensível - sendo a sua representante filha de sobrevivente do Holocausto.
A frase, contudo, parece descrever, corretamente, a retórica dos países desenvolvidos neste e em outros encontros da Rodada de Doha. Culpar os países em desenvolvimento pelo fracasso de Doha tem sido a tônica do discurso, o que está longe de ser verdade.
Os ricos usam e abusam do discurso favóravel a redução de subsídios e outras medidas que em muito ajudariam na ampliação do comércio internancional. Passar do discurso retórico para propostas concretas, não parece ser o forte do seus representantes, mais preocupados em defender os subsídios agrícolas e o mal disfarçado protecionismo que ganha força política em vários países.
É sempre mais fácil e cômodo continuar com a política de ajuda humanitária e outras políticas que os ajudam a dormirem a noite, que permitir o livre acesso aos seus protegidos mercados agricolas. Eles conhecem muito bem os benefícios do comercio para uma nação pobre e talvez, por isto mesmo, prefiram manter a regra atual e o famoso sopão dos pobres. Nada como manter a dependência para garantir alguns votos em votações importantes em fóruns internacionais, como, por ex, a ONU.
A frase, contudo, parece descrever, corretamente, a retórica dos países desenvolvidos neste e em outros encontros da Rodada de Doha. Culpar os países em desenvolvimento pelo fracasso de Doha tem sido a tônica do discurso, o que está longe de ser verdade.
Os ricos usam e abusam do discurso favóravel a redução de subsídios e outras medidas que em muito ajudariam na ampliação do comércio internancional. Passar do discurso retórico para propostas concretas, não parece ser o forte do seus representantes, mais preocupados em defender os subsídios agrícolas e o mal disfarçado protecionismo que ganha força política em vários países.
É sempre mais fácil e cômodo continuar com a política de ajuda humanitária e outras políticas que os ajudam a dormirem a noite, que permitir o livre acesso aos seus protegidos mercados agricolas. Eles conhecem muito bem os benefícios do comercio para uma nação pobre e talvez, por isto mesmo, prefiram manter a regra atual e o famoso sopão dos pobres. Nada como manter a dependência para garantir alguns votos em votações importantes em fóruns internacionais, como, por ex, a ONU.
domingo, 20 de julho de 2008
O avvocato, o bruxo e o eterno retorno
Segundo o colunista da Folha online, Kennedy Alencar “O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, quase deixou o cargo na virada de abril para maio.” Sendo que “havia duas opções na cabeça de Lula: indicar o diretor de Normas do Banco Central, Alexandre Tombini, que tem se dado melhor com a Fazenda nas discussões econômicas, ou tentar convencer o relutante economista Luiz Gonzaga Belluzzo a assumir o posto”.
No caso da “hipótese Belluzzo, havia chance de o superávit primário ser elevado para, pelo menos, 4,5% do PIB (Produto Interno Bruto). Seria uma forma de evitar reação negativa do mercado a um economista visto como desenvolvimentista e descrito por ele próprio como "keynesiano". Belluzzo tem defendido um aperto fiscal até maior nas reuniões internas do governo, das quais participa na condição de conselheiro. Lula já o convidou a assumir postos na área econômica, mas ele recusou.”
Já “Na alternativa Tombini, o governo avalia que o mercado o receberia bem”
Felizmente, fomos salvos pelo retorno da inflação.
Estranha esta paixão do Presidente pelos conselhos do “avvocato”. Ouvi-lo não custa nada, mas dai a levar seus conselhos a sério e ate mesmo convidá-lo a assumir um posto na área econômica é um exagero. É verdade que o Presidente nutre, também, grande apreço pelos conselhos do Bruxo. Neste caso, me parece que a Síndrome de Estocolmo ainda é a melhor explicação. Resta, ainda, outra o explicação pelo apreço a essas duas figuras: a magia do milagre econômico e do plano cruzado.
No caso do “avvocato”, como observa o Alencar, o preço a pagar seria um superávit primário ainda mais elevado que o atual. Fico imaginando se este seria o único pagamento demandado: dado o pouco respeito do mercado pelas tolices que se passa por economia em Barão Geraldo, não é difícil imaginar a reação dele a indicação do grande mestre desta turma para a Presidência do Bacen. Realmente o Presidente tem muita sorte.
Enquanto o grande mestre opta por ficar fora do governo a turma do Barão Geraldo com cargos na área econômica continua com seu projeto de criação de grandes empresas nacionais. O modelo continua sendo o mesmo, Coréia do Sul, e já sentimos um dos resultados desta experiência: a corrupção. Resta esperar e torcer pelos resultados positivos da experiência sul coreana.
No caso da “hipótese Belluzzo, havia chance de o superávit primário ser elevado para, pelo menos, 4,5% do PIB (Produto Interno Bruto). Seria uma forma de evitar reação negativa do mercado a um economista visto como desenvolvimentista e descrito por ele próprio como "keynesiano". Belluzzo tem defendido um aperto fiscal até maior nas reuniões internas do governo, das quais participa na condição de conselheiro. Lula já o convidou a assumir postos na área econômica, mas ele recusou.”
Já “Na alternativa Tombini, o governo avalia que o mercado o receberia bem”
Felizmente, fomos salvos pelo retorno da inflação.
Estranha esta paixão do Presidente pelos conselhos do “avvocato”. Ouvi-lo não custa nada, mas dai a levar seus conselhos a sério e ate mesmo convidá-lo a assumir um posto na área econômica é um exagero. É verdade que o Presidente nutre, também, grande apreço pelos conselhos do Bruxo. Neste caso, me parece que a Síndrome de Estocolmo ainda é a melhor explicação. Resta, ainda, outra o explicação pelo apreço a essas duas figuras: a magia do milagre econômico e do plano cruzado.
No caso do “avvocato”, como observa o Alencar, o preço a pagar seria um superávit primário ainda mais elevado que o atual. Fico imaginando se este seria o único pagamento demandado: dado o pouco respeito do mercado pelas tolices que se passa por economia em Barão Geraldo, não é difícil imaginar a reação dele a indicação do grande mestre desta turma para a Presidência do Bacen. Realmente o Presidente tem muita sorte.
Enquanto o grande mestre opta por ficar fora do governo a turma do Barão Geraldo com cargos na área econômica continua com seu projeto de criação de grandes empresas nacionais. O modelo continua sendo o mesmo, Coréia do Sul, e já sentimos um dos resultados desta experiência: a corrupção. Resta esperar e torcer pelos resultados positivos da experiência sul coreana.
sábado, 19 de julho de 2008
The Stillborn God: Religion, Politics, and the Modern West
Finalmente consegui arrumar um tempo livre para o ler o último livro do Mark Lilla: The Stillborn God, que comprei no ano passado. O livro, baseado na Carlyle Lectures que ele apresentou na University of Oxford em 2003 , apresenta uma análise, bastante original, da separação entre Estado e Igreja . Ele a vê como uma decorrência de problemas internos a cristandade, para os quais a teologia política cristã não consegue oferecer soluções satisfatórias. Esta insuficiência da teologia política cristã, permite a retomada, a partir de Hobbes, da filosofia política que da início a um longo percurso histórico e intelectual em que a tensão entre o transcendental(igreja) e a vida política - teologia política e filosofia política - estão sempre presentes. Por razões históricas, o foco da análise, principalmente a partir do século xix, é centrado no mundo protestante, sendo muito interessante a leitura da teologia radical protestante.
A aceitação da tese apresentada por Lilla, leva a uma nova leitura da relação entre Estado e Igreja no mundo não cristão, onde segundo o autor o problema não está colocado, já que a teologia política oferece respostas adequadas as demandas da vida política. É uma tese, no mínimo, controversa, e por isto mesmo colocou o livro na lista dos livros mais importantes publicados em 2007. A sua leitura é, na minha modesta opinião, indispensável. Para saciar a curiosidade( mas não substitui a leitura do livro) recomendo a leitura da transcrição de um evento no Carnegie Council : http://www.cceia.org/resources/transcripts/0002.html
A aceitação da tese apresentada por Lilla, leva a uma nova leitura da relação entre Estado e Igreja no mundo não cristão, onde segundo o autor o problema não está colocado, já que a teologia política oferece respostas adequadas as demandas da vida política. É uma tese, no mínimo, controversa, e por isto mesmo colocou o livro na lista dos livros mais importantes publicados em 2007. A sua leitura é, na minha modesta opinião, indispensável. Para saciar a curiosidade( mas não substitui a leitura do livro) recomendo a leitura da transcrição de um evento no Carnegie Council : http://www.cceia.org/resources/transcripts/0002.html
sexta-feira, 18 de julho de 2008
O filosofo do eterno Príncipe
A lei seca não é nada agradável para quem tem o hábito, salutar, de tomar dois copos de vinho no jantar, mas, é no mínimo estranho dedicar dois artigos, em um curto espaço de tempo, ao mesmo assunto. Mais estranho, ainda, quando o argumento do segundo não é muito melhor que o apresentado no primeiro artigo. Serial normal e, ate esperado, não fosse o autor um festejado filosofo.
Para ele “numa democracia o legislador pode conformar modos de conduta existentes, mas não lhe cabe inventar uma cultura, em particular uma cultura de abstinência e da repressão necessária”(FSP,16.07.08, A3). Em outras palavras, para o nosso renomado filosofo, a lei que tornou obrigatório o uso do cinto de segurança e ajudou a reduzir o numero de mortes nos acidentes é um equivoco e, também, deveria ser revogada. Para aqueles com memoria curta é bom lembrar que, antes da aprovação desta lei, não havia na cidade de São Paulo a cultura do uso do cinto de segurança. A cultura é resultado da aprovação da legislação e da perda financeira – significativa à época – do desrespeito a mesma. Este é apenas um exemplo e não é difícil encontrar outros.
O filosofo do eterno Príncipe aproveita a ocasião para opinar, também, sobre os eventos recentes. Para não perder o costume, o argumento não é lá grande coisa:
“Uma lei seca espetacular cai como uma luva nesse processo de transformação da lei em espetáculo que está ocorrendo no país. Em vez de combater a impunidade apertando a legislação e aparelhando o Estado, a fim de que ele possa reprimir respeitando os direitos humanos, vem sendo armada, em praça pública, a guilhotina da respeitabilidade, a humilhação do investigado”
É muito senso de oportunidade indicar a lei seca como mais um exemplo de espetacularização e humilhação do investigado. Exagero maior ainda é ver nela um desrespeito aos direitos humanos. Tão pouco é convincente usar estes mesmos argumentos, como faz nosso filosofo, para criticar os trabalhos dos agentes da Lei e da Ordem. E pensar que ele é um especialista em J.S.Mill e Wittgenstein, para não mencionar Marx.
Para ele “numa democracia o legislador pode conformar modos de conduta existentes, mas não lhe cabe inventar uma cultura, em particular uma cultura de abstinência e da repressão necessária”(FSP,16.07.08, A3). Em outras palavras, para o nosso renomado filosofo, a lei que tornou obrigatório o uso do cinto de segurança e ajudou a reduzir o numero de mortes nos acidentes é um equivoco e, também, deveria ser revogada. Para aqueles com memoria curta é bom lembrar que, antes da aprovação desta lei, não havia na cidade de São Paulo a cultura do uso do cinto de segurança. A cultura é resultado da aprovação da legislação e da perda financeira – significativa à época – do desrespeito a mesma. Este é apenas um exemplo e não é difícil encontrar outros.
O filosofo do eterno Príncipe aproveita a ocasião para opinar, também, sobre os eventos recentes. Para não perder o costume, o argumento não é lá grande coisa:
“Uma lei seca espetacular cai como uma luva nesse processo de transformação da lei em espetáculo que está ocorrendo no país. Em vez de combater a impunidade apertando a legislação e aparelhando o Estado, a fim de que ele possa reprimir respeitando os direitos humanos, vem sendo armada, em praça pública, a guilhotina da respeitabilidade, a humilhação do investigado”
É muito senso de oportunidade indicar a lei seca como mais um exemplo de espetacularização e humilhação do investigado. Exagero maior ainda é ver nela um desrespeito aos direitos humanos. Tão pouco é convincente usar estes mesmos argumentos, como faz nosso filosofo, para criticar os trabalhos dos agentes da Lei e da Ordem. E pensar que ele é um especialista em J.S.Mill e Wittgenstein, para não mencionar Marx.
quinta-feira, 17 de julho de 2008
Teologia da Libertação após Aparecida volta ao fundamento? Entrevistas com Luiz Carlos Susin e Érico Hammes
O texto/ajuste de contas do Clodovis Boff com a teologia da libertação é o tópico desta entrevista com dois importantes teologos, ainda ,adeptos da teologia da libertação.
"Luiz Carlos Susin e Erico Hammes refletem sobre a Teologia da Libertação e sobre a Vª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, realizado no ano passado em Aparecida, a partir do polêmico e recente artigo de Clodovis Boff.
No ano passado, o teólogo Clodovis Boff escreveu o artigo “Teologia da Libertação e volta ao fundamento”, que foi publicado pela Revista Eclesiástica Brasileira – REB, número 268, de 2007. O texto tem, desde então, suscitado polêmica dentro da Igreja. Segundo Clodovis Boff, faltou à Teologia da Libertação, a “realmente existente, a que tem atrás de si quarenta anos de caminhada e cuja evolução já deixa ver traços exigindo crítica e retificação”, consistência epistemológica. Mais: segundo o teólogo, “por falta de uma epistemologia rigorosa e clara, a Teologia da Libertação labora em ambigüidades; laborando em ambigüidades, cai no erro de princípio. E do erro de princípio só podem provir efeitos funestos”. O sítio do IHU publicou o artigo Pelos pobres contra a estreiteza do método de Leonardo Boff, questionando o artigo de Clodovis Boff.
A IHU On-Line discute o referido artigo, entrevistando Luiz Carlos Susin, por e-mail, e Erico Hammes, por telefone.
Luiz Carlos Susin, frei capuchinho, doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, é professor na PUC-RS e na Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana (ESTEF), em Porto Alegre. Ele é autor de inúmeros livros, entre os quais, citamos o livro, organizado por ele, Teologia para outro mundo possível (São Paulo: Paulinas, 2006).
Érico Hammes, padre, é doutor em Teologia Sistemática pela Pontifícia Universidade Gregoriana. Leciona, atualmente, na PUCRS. Desenvolve, principalmente, os seguintes temas: Cristologia, América Latina e Religião. É autor de, entre outros, Filii in Filio. A divindade de Jesus como evangelho da filiação no seguimento. Um estudo em Jon Sobrino (Porto Alegre: EDIPUCRS, 1995).
Eis as entrevistas.
IHU On-Line - Em que os “questionamentos críticos” de Clodovis Boff à Teologia da Libertação se distanciam e em que se aproximam dos questionamentos feitos pela Congregação para a Doutrina da Fé na “Instrução sobre alguns aspectos da ‘Teologia da Libertação’”, de 6 de agosto de 1984?
Luiz Carlos Susin – Evidentemente, os questionamentos de Clodovis provêm “de dentro” da Teologia da Libertação, de alguém que esteve muito tempo entre os protagonistas. E por isso têm um peso diferente. De certa maneira “mais pesado”, já que os questionamentos de Roma provinham de um horizonte amplo e teórico, numa linguagem de retórica tipicamente doutrinal e curial, enquanto Clodovis faz afirmações diretas, num “de repente” sem rodeios e sem grandes explicações. Isso supõe a familiaridade dele e dos seus leitores, exigindo um debate.
Erico Hammes – O artigo de Clodovis Boff se aproxima na medida em que coloca a Teologia da Libertação em crise e o faz de uma maneira total, abrangente. Na realidade, a Instrução de 1984 aborda fundamentalmente duas questões que são, de um lado, a parte da metodologia e, de outro, a concepção da liberdade humana e, por conseguinte, também a salvação. Mas há aqui a ressalva reiterada de que aquilo que vai ser dito não sirva de desculpa para manter o status quo de opressão das pessoas e nem sirva como justificação para condenar aqueles que sinceramente se ocupam pela busca da libertação dos pobres. Então, quando relemos a Instrução de 1984, vemos que ela é relativamente amena em relação a uma posição como a do Clodovis, que, sob certos aspectos, parece muito mais dura. Embora defenda a opção pelos pobres, o faz a partir de uma perspectiva cristo-cêntrica. Outro aspecto que nesse artigo de Clodovis fica mais acentuado é o tema da metodologia da Teologia da Libertação. A Instrução de 1984 se atinha à crítica ao uso do marxismo, enquanto que no artigo do Clodovis há uma referência, de certo modo, ao ver, julgar, agir, mas não uma referência no sentido de uma construção do ver.
Para ler a entrevista completa: http://www.unisinos.br/ihu/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=14534
"Luiz Carlos Susin e Erico Hammes refletem sobre a Teologia da Libertação e sobre a Vª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, realizado no ano passado em Aparecida, a partir do polêmico e recente artigo de Clodovis Boff.
No ano passado, o teólogo Clodovis Boff escreveu o artigo “Teologia da Libertação e volta ao fundamento”, que foi publicado pela Revista Eclesiástica Brasileira – REB, número 268, de 2007. O texto tem, desde então, suscitado polêmica dentro da Igreja. Segundo Clodovis Boff, faltou à Teologia da Libertação, a “realmente existente, a que tem atrás de si quarenta anos de caminhada e cuja evolução já deixa ver traços exigindo crítica e retificação”, consistência epistemológica. Mais: segundo o teólogo, “por falta de uma epistemologia rigorosa e clara, a Teologia da Libertação labora em ambigüidades; laborando em ambigüidades, cai no erro de princípio. E do erro de princípio só podem provir efeitos funestos”. O sítio do IHU publicou o artigo Pelos pobres contra a estreiteza do método de Leonardo Boff, questionando o artigo de Clodovis Boff.
A IHU On-Line discute o referido artigo, entrevistando Luiz Carlos Susin, por e-mail, e Erico Hammes, por telefone.
Luiz Carlos Susin, frei capuchinho, doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, é professor na PUC-RS e na Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana (ESTEF), em Porto Alegre. Ele é autor de inúmeros livros, entre os quais, citamos o livro, organizado por ele, Teologia para outro mundo possível (São Paulo: Paulinas, 2006).
Érico Hammes, padre, é doutor em Teologia Sistemática pela Pontifícia Universidade Gregoriana. Leciona, atualmente, na PUCRS. Desenvolve, principalmente, os seguintes temas: Cristologia, América Latina e Religião. É autor de, entre outros, Filii in Filio. A divindade de Jesus como evangelho da filiação no seguimento. Um estudo em Jon Sobrino (Porto Alegre: EDIPUCRS, 1995).
Eis as entrevistas.
IHU On-Line - Em que os “questionamentos críticos” de Clodovis Boff à Teologia da Libertação se distanciam e em que se aproximam dos questionamentos feitos pela Congregação para a Doutrina da Fé na “Instrução sobre alguns aspectos da ‘Teologia da Libertação’”, de 6 de agosto de 1984?
Luiz Carlos Susin – Evidentemente, os questionamentos de Clodovis provêm “de dentro” da Teologia da Libertação, de alguém que esteve muito tempo entre os protagonistas. E por isso têm um peso diferente. De certa maneira “mais pesado”, já que os questionamentos de Roma provinham de um horizonte amplo e teórico, numa linguagem de retórica tipicamente doutrinal e curial, enquanto Clodovis faz afirmações diretas, num “de repente” sem rodeios e sem grandes explicações. Isso supõe a familiaridade dele e dos seus leitores, exigindo um debate.
Erico Hammes – O artigo de Clodovis Boff se aproxima na medida em que coloca a Teologia da Libertação em crise e o faz de uma maneira total, abrangente. Na realidade, a Instrução de 1984 aborda fundamentalmente duas questões que são, de um lado, a parte da metodologia e, de outro, a concepção da liberdade humana e, por conseguinte, também a salvação. Mas há aqui a ressalva reiterada de que aquilo que vai ser dito não sirva de desculpa para manter o status quo de opressão das pessoas e nem sirva como justificação para condenar aqueles que sinceramente se ocupam pela busca da libertação dos pobres. Então, quando relemos a Instrução de 1984, vemos que ela é relativamente amena em relação a uma posição como a do Clodovis, que, sob certos aspectos, parece muito mais dura. Embora defenda a opção pelos pobres, o faz a partir de uma perspectiva cristo-cêntrica. Outro aspecto que nesse artigo de Clodovis fica mais acentuado é o tema da metodologia da Teologia da Libertação. A Instrução de 1984 se atinha à crítica ao uso do marxismo, enquanto que no artigo do Clodovis há uma referência, de certo modo, ao ver, julgar, agir, mas não uma referência no sentido de uma construção do ver.
Para ler a entrevista completa: http://www.unisinos.br/ihu/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=14534
A serra do rola-moça
A Serra do Rola-Moça
Não tinha esse nome não...
Eles eram do outro lado,
Vieram na vila casar.
E atravessaram a serra,
O noivo com a noiva dele
Cada qual no seu cavalo.
Antes que chegasse a noite
Se lembraram de voltar.
Disseram adeus pra todos
E se puserem de novo
Pelos atalhos da serra
Cada qual no seu cavalo.
Os dois estavam felizes,
Na altura tudo era paz.
Pelos caminhos estreitos
Ele na frente, ela atrás.
E riam. Como eles riam!
Riam até sem razão.
A Serra do Rola-Moça
Não tinha esse nome não.
As tribos rubras da tarde
Rapidamente fugiam
E apressadas se escondiam
Lá embaixo nos socavões,
Temendo a noite que vinha.
Porém os dois continuavam
Cada qual no seu cavalo,
E riam. Como eles riam!
E os risos também casavam
Com as risadas dos cascalhos,
Que pulando levianinhos
Da vereda se soltavam,
Buscando o despenhadeiro.
Ali, Fortuna inviolável!
O casco pisara em falso.
Dão noiva e cavalo um salto
Precipitados no abismo.
Nem o baque se escutou.
Faz um silêncio de morte,
Na altura tudo era paz ...
Chicoteado o seu cavalo,
No vão do despenhadeiro
O noivo se despenhou.
E a Serra do Rola-Moça
Rola-Moça se chamou.
Mário de Andrade
Não tinha esse nome não...
Eles eram do outro lado,
Vieram na vila casar.
E atravessaram a serra,
O noivo com a noiva dele
Cada qual no seu cavalo.
Antes que chegasse a noite
Se lembraram de voltar.
Disseram adeus pra todos
E se puserem de novo
Pelos atalhos da serra
Cada qual no seu cavalo.
Os dois estavam felizes,
Na altura tudo era paz.
Pelos caminhos estreitos
Ele na frente, ela atrás.
E riam. Como eles riam!
Riam até sem razão.
A Serra do Rola-Moça
Não tinha esse nome não.
As tribos rubras da tarde
Rapidamente fugiam
E apressadas se escondiam
Lá embaixo nos socavões,
Temendo a noite que vinha.
Porém os dois continuavam
Cada qual no seu cavalo,
E riam. Como eles riam!
E os risos também casavam
Com as risadas dos cascalhos,
Que pulando levianinhos
Da vereda se soltavam,
Buscando o despenhadeiro.
Ali, Fortuna inviolável!
O casco pisara em falso.
Dão noiva e cavalo um salto
Precipitados no abismo.
Nem o baque se escutou.
Faz um silêncio de morte,
Na altura tudo era paz ...
Chicoteado o seu cavalo,
No vão do despenhadeiro
O noivo se despenhou.
E a Serra do Rola-Moça
Rola-Moça se chamou.
Mário de Andrade
quarta-feira, 16 de julho de 2008
A fala do Príncipe dos sociólogos
Que ele é um bom sociólogo, não se discute e ai esta o problema. Ele parece que parou no tempo e ignora toda a literatura sobre a captura das agências. Achar que ela é a solução para o patrimonialismo ou “um instrumento de defesa do Estado” é um grande equívoco. Agências devem o seu bom funcionamento não somente as regras, mas, principalmente a quem as compõe e este é , aparentemente, um problema sem solução. Nem sempre é possível encontrar agentes altruístas e, não raro, o auto-interesse fala mais alto. Esta é uma obviedade para qualquer economista( exceto a turma que se passa por economista em Barão Geraldo e Perdizes)
Ele tem razão em um ponto “ é uma batalha pelo controle do Estado” e, dado o que ontem ocorreu, um otimista quando ao resultado: “nesse sentido, vai perder”. Estranhamente, em uma postura anti-Poulantzas, argumenta que “ essa batalha não tem que ser travada no Estado. Tem que ser no mercado.” O que, naturalmente, não é compatível com a sua tese sobre as Agências, já que se mercado ela não é, seguramente é o campo principal desta batalha. Logo, ela é interna ao Estado, que no grande bananal, insiste – ou é obrigado-, a ser pai, mãe e parteira do mercado.
Ele tem razão em um ponto “ é uma batalha pelo controle do Estado” e, dado o que ontem ocorreu, um otimista quando ao resultado: “nesse sentido, vai perder”. Estranhamente, em uma postura anti-Poulantzas, argumenta que “ essa batalha não tem que ser travada no Estado. Tem que ser no mercado.” O que, naturalmente, não é compatível com a sua tese sobre as Agências, já que se mercado ela não é, seguramente é o campo principal desta batalha. Logo, ela é interna ao Estado, que no grande bananal, insiste – ou é obrigado-, a ser pai, mãe e parteira do mercado.
O torneiro mecânico que virou suco
Há algo de podre, muito pobre no grande bananal. O torneiro mecânico que enfrentou os militares e construí uma notável carreira política cede diante das pressões do complexo midiático-político-financista. Optou por trilhar o mesmo caminho de tantos outros que - tolos que somos - acreditávamos poder finalmente escolher defender os interesses da Senzala e não da Casa Grande. Estadista no bananal? Delírios, delírios, delírios.
O tilintar das taças de champanhe, o cigar cubano, a festança, ..., o que nos resta? Lembranças de outros tempos, dos sonhos pisoteados e engavetados em nome de um pragmatismo cínico de uma elite que teima em não ver que o país mudou.
O que fazer? O que fazer?.....
O tilintar das taças de champanhe, o cigar cubano, a festança, ..., o que nos resta? Lembranças de outros tempos, dos sonhos pisoteados e engavetados em nome de um pragmatismo cínico de uma elite que teima em não ver que o país mudou.
O que fazer? O que fazer?.....
terça-feira, 15 de julho de 2008
De olhos bem abertos
Nassif, levanta, em seu blog, um ponto importante sobre o affair Dantas “qual será o comportamento dos demais Ministros do Supremo: a solidariedade para com o colega ou para com o Supremo”.
Na minha visão de pobre cidadão, desta República dos tristes trópicos, com total desconhecimento da área jurídica, fica a impressão que a justiça tem olhos bem abertos quando o suspeito é rico . Já o pobre...
Ninguém reclama quando o pobre é humilhado em vida ou depois de morto nos telejornais , revistas, etc. Quem não se recorda das fotos dos mortos – pobres e negros – em uma das várias incursões da policia nos morros cariocas? Para eles não vale sequer a lei da selva...
Sabemos, ou pelos alguns sabem, da desconfiança que há em relação aos agentes da Lei e da Ordem no Brasil. Esta impressão, verdadeira ou falsa, em relação ao tratamento desigual dado ao pobre, foi reforçada com a atuação da figura menor já mencionada em outro post.
O descrédito será ainda maior se os demais Ministros optarem pela solidariedade para com o colega.
Na minha visão de pobre cidadão, desta República dos tristes trópicos, com total desconhecimento da área jurídica, fica a impressão que a justiça tem olhos bem abertos quando o suspeito é rico . Já o pobre...
Ninguém reclama quando o pobre é humilhado em vida ou depois de morto nos telejornais , revistas, etc. Quem não se recorda das fotos dos mortos – pobres e negros – em uma das várias incursões da policia nos morros cariocas? Para eles não vale sequer a lei da selva...
Sabemos, ou pelos alguns sabem, da desconfiança que há em relação aos agentes da Lei e da Ordem no Brasil. Esta impressão, verdadeira ou falsa, em relação ao tratamento desigual dado ao pobre, foi reforçada com a atuação da figura menor já mencionada em outro post.
O descrédito será ainda maior se os demais Ministros optarem pela solidariedade para com o colega.
segunda-feira, 14 de julho de 2008
TJLP
O que fazer com a TJLP? Esta parece ser a questão do momento. Para o Bacha e o Banco Central elevá-la seria a resposta, já Nakano, discorda argumentando que “em vez de o BC propor a alta da TJLP -que incide sobre investimentos, que ampliam a capacidade produtiva e, portanto, contêm a inflação-, deveria refrear a expansão excessiva dos agregados monetários e de crédito, pois, para isso, possui instrumentos convencionais e de comprovada eficácia.”(FSP, 13.06.08). Ele também não está convencido da eficácia da politica de elevação gradual da taxa Selic, sendo favorável a política fiscal, mais precisamente a redução dos gastos correntes do governo.
Nakano tem razão em relação a política fiscal o que explica, também, sua objeção a elevação da TJLP. É realmente recomendável focar nos gastos correntes, mas resta saber se é politicamente viável fazê-lo, lembrando que esta política quase custou a re-eleição do Covas.
É verdade que o investimento amplia a capacidade produtiva, mas isto, somente no longo prazo. No curto prazo - como bom macroeconomista que é – ele sabe que o impacto é outro. O subsídio implícito na TJLP não se justifica, quando se sabe que os tomadores possuem acesso a outras fontes de financiamento. Se o BNDES fosse a única fonte de financiamento ainda seria , no mínimo, discutível, a política de empréstimo subsidiado. Não me parece ser esta a função do Estado.
Nakano tem razão em relação a política fiscal o que explica, também, sua objeção a elevação da TJLP. É realmente recomendável focar nos gastos correntes, mas resta saber se é politicamente viável fazê-lo, lembrando que esta política quase custou a re-eleição do Covas.
É verdade que o investimento amplia a capacidade produtiva, mas isto, somente no longo prazo. No curto prazo - como bom macroeconomista que é – ele sabe que o impacto é outro. O subsídio implícito na TJLP não se justifica, quando se sabe que os tomadores possuem acesso a outras fontes de financiamento. Se o BNDES fosse a única fonte de financiamento ainda seria , no mínimo, discutível, a política de empréstimo subsidiado. Não me parece ser esta a função do Estado.
domingo, 13 de julho de 2008
Não foi por falta de aviso...
O Dalmo Dallari já tinha alertado do perigo. É triste lembrar que ele foi indicado pelo FHC, um intelectual do mesmo time de luminares como Dahrendorf, aparentemente, em agradecimento ao seu bom trabalho como Engavetador Geral da União. Tristes trópicos.
"Degradação do Judiciário
Nenhum Estado moderno pode ser considerado democrático e civilizado se não tiver um Poder Judiciário independente e imparcial, que tome por parâmetro máximo a Constituição e que tenha condições efetivas para impedir arbitrariedades e corrupção, assegurando, desse modo, os direitos consagrados nos dispositivos constitucionais.
Sem o respeito aos direitos e aos órgãos e instituições encarregados de protegê-los, o que resta é a lei do mais forte, do mais atrevido, do mais astucioso, do mais oportunista, do mais demagogo, do mais distanciado da ética.
Essas considerações, que apenas reproduzem e sintetizam o que tem sido afirmado e reafirmado por todos os teóricos do Estado democrático de Direito, são necessárias e oportunas em face da notícia de que o presidente da República, com afoiteza e imprudência muito estranhas, encaminhou ao Senado uma indicação para membro do Supremo Tribunal Federal, que pode ser considerada verdadeira declaração de guerra do Poder Executivo federal ao Poder Judiciário, ao Ministério Público, à Ordem dos Advogados do Brasil e a toda a comunidade jurídica.
Se essa indicação vier a ser aprovada pelo Senado, não há exagero em afirmar que estarão correndo sério risco a proteção dos direitos no Brasil, o combate à corrupção e a própria normalidade constitucional. Por isso é necessário chamar a atenção para alguns fatos graves, a fim de que o povo e a imprensa fiquem vigilantes e exijam das autoridades o cumprimento rigoroso e honesto de suas atribuições constitucionais, com a firmeza e transparência indispensáveis num sistema democrático.
Segundo vem sendo divulgado por vários órgãos da imprensa, estaria sendo montada uma grande operação para anular o Supremo Tribunal Federal, tornando-o completamente submisso ao atual chefe do Executivo, mesmo depois do término de seu mandato. Um sinal dessa investida seria a indicação, agora concretizada, do atual advogado-geral da União, Gilmar Mendes, alto funcionário subordinado ao presidente da República, para a próxima vaga na Suprema Corte. Além da estranha afoiteza do presidente -pois a indicação foi noticiada antes que se formalizasse a abertura da vaga-, o nome indicado está longe de preencher os requisitos necessários para que alguém seja membro da mais alta corte do país.
É oportuno lembrar que o STF dá a última palavra sobre a constitucionalidade das leis e dos atos das autoridades públicas e terá papel fundamental na promoção da responsabilidade do presidente da República pela prática de ilegalidades e corrupção.
É importante assinalar que aquele alto funcionário do Executivo especializou-se em "inventar" soluções jurídicas no interesse do governo. Ele foi assessor muito próximo do ex-presidente Collor, que nunca se notabilizou pelo respeito ao direito. Já no governo Fernando Henrique, o mesmo dr. Gilmar Mendes, que pertence ao Ministério Público da União, aparece assessorando o ministro da Justiça Nelson Jobim, na tentativa de anular a demarcação de áreas indígenas. Alegando inconstitucionalidade, duas vezes negada pelo STF, "inventaram" uma tese jurídica, que serviu de base para um decreto do presidente Fernando Henrique revogando o decreto em que se baseavam as demarcações. Mais recentemente, o advogado-geral da União, derrotado no Judiciário em outro caso, recomendou aos órgãos da administração que não cumprissem decisões judiciais.
Medidas desse tipo, propostas e adotadas por sugestão do advogado-geral da União, muitas vezes eram claramente inconstitucionais e deram fundamento para a concessão de liminares e decisões de juízes e tribunais, contra atos de autoridades federais.
Indignado com essas derrotas judiciais, o dr. Gilmar Mendes fez inúmeros pronunciamentos pela imprensa, agredindo grosseiramente juízes e tribunais, o que culminou com sua afirmação textual de que o sistema judiciário brasileiro é um "manicômio judiciário".
Obviamente isso ofendeu gravemente a todos os juízes brasileiros ciosos de sua dignidade, o que ficou claramente expresso em artigo publicado no "Informe", veículo de divulgação do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (edição 107, dezembro de 2001). Num texto sereno e objetivo, significativamente intitulado "Manicômio Judiciário" e assinado pelo presidente daquele tribunal, observa-se que "não são decisões injustas que causam a irritação, a iracúndia, a irritabilidade do advogado-geral da União, mas as decisões contrárias às medidas do Poder Executivo".
E não faltaram injúrias aos advogados, pois, na opinião do dr. Gilmar Mendes, toda liminar concedida contra ato do governo federal é produto de conluio corrupto entre advogados e juízes, sócios na "indústria de liminares".
A par desse desrespeito pelas instituições jurídicas, existe mais um problema ético. Revelou a revista "Época" (22/4/ 02, pág. 40) que a chefia da Advocacia Geral da União, isso é, o dr. Gilmar Mendes, pagou R$ 32.400 ao Instituto Brasiliense de Direito Público -do qual o mesmo dr. Gilmar Mendes é um dos proprietários- para que seus subordinados lá fizessem cursos. Isso é contrário à ética e à probidade administrativa, estando muito longe de se enquadrar na "reputação ilibada", exigida pelo artigo 101 da Constituição, para que alguém integre o Supremo.
A comunidade jurídica sabe quem é o indicado e não pode assistir calada e submissa à consumação dessa escolha notoriamente inadequada, contribuindo, com sua omissão, para que a arguição pública do candidato pelo Senado, prevista no artigo 52 da Constituição, seja apenas uma simulação ou "ação entre amigos". É assim que se degradam as instituições e se corrompem os fundamentos da ordem constitucional democrática."
Dalmo de Abreu Dallari, 70, advogado, é professor da Faculdade de Direito da USP. Foi secretário de Negócios do município de São Paulo (administração Luiza Erundina).
Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO, 08.05.2002
"Degradação do Judiciário
Nenhum Estado moderno pode ser considerado democrático e civilizado se não tiver um Poder Judiciário independente e imparcial, que tome por parâmetro máximo a Constituição e que tenha condições efetivas para impedir arbitrariedades e corrupção, assegurando, desse modo, os direitos consagrados nos dispositivos constitucionais.
Sem o respeito aos direitos e aos órgãos e instituições encarregados de protegê-los, o que resta é a lei do mais forte, do mais atrevido, do mais astucioso, do mais oportunista, do mais demagogo, do mais distanciado da ética.
Essas considerações, que apenas reproduzem e sintetizam o que tem sido afirmado e reafirmado por todos os teóricos do Estado democrático de Direito, são necessárias e oportunas em face da notícia de que o presidente da República, com afoiteza e imprudência muito estranhas, encaminhou ao Senado uma indicação para membro do Supremo Tribunal Federal, que pode ser considerada verdadeira declaração de guerra do Poder Executivo federal ao Poder Judiciário, ao Ministério Público, à Ordem dos Advogados do Brasil e a toda a comunidade jurídica.
Se essa indicação vier a ser aprovada pelo Senado, não há exagero em afirmar que estarão correndo sério risco a proteção dos direitos no Brasil, o combate à corrupção e a própria normalidade constitucional. Por isso é necessário chamar a atenção para alguns fatos graves, a fim de que o povo e a imprensa fiquem vigilantes e exijam das autoridades o cumprimento rigoroso e honesto de suas atribuições constitucionais, com a firmeza e transparência indispensáveis num sistema democrático.
Segundo vem sendo divulgado por vários órgãos da imprensa, estaria sendo montada uma grande operação para anular o Supremo Tribunal Federal, tornando-o completamente submisso ao atual chefe do Executivo, mesmo depois do término de seu mandato. Um sinal dessa investida seria a indicação, agora concretizada, do atual advogado-geral da União, Gilmar Mendes, alto funcionário subordinado ao presidente da República, para a próxima vaga na Suprema Corte. Além da estranha afoiteza do presidente -pois a indicação foi noticiada antes que se formalizasse a abertura da vaga-, o nome indicado está longe de preencher os requisitos necessários para que alguém seja membro da mais alta corte do país.
É oportuno lembrar que o STF dá a última palavra sobre a constitucionalidade das leis e dos atos das autoridades públicas e terá papel fundamental na promoção da responsabilidade do presidente da República pela prática de ilegalidades e corrupção.
É importante assinalar que aquele alto funcionário do Executivo especializou-se em "inventar" soluções jurídicas no interesse do governo. Ele foi assessor muito próximo do ex-presidente Collor, que nunca se notabilizou pelo respeito ao direito. Já no governo Fernando Henrique, o mesmo dr. Gilmar Mendes, que pertence ao Ministério Público da União, aparece assessorando o ministro da Justiça Nelson Jobim, na tentativa de anular a demarcação de áreas indígenas. Alegando inconstitucionalidade, duas vezes negada pelo STF, "inventaram" uma tese jurídica, que serviu de base para um decreto do presidente Fernando Henrique revogando o decreto em que se baseavam as demarcações. Mais recentemente, o advogado-geral da União, derrotado no Judiciário em outro caso, recomendou aos órgãos da administração que não cumprissem decisões judiciais.
Medidas desse tipo, propostas e adotadas por sugestão do advogado-geral da União, muitas vezes eram claramente inconstitucionais e deram fundamento para a concessão de liminares e decisões de juízes e tribunais, contra atos de autoridades federais.
Indignado com essas derrotas judiciais, o dr. Gilmar Mendes fez inúmeros pronunciamentos pela imprensa, agredindo grosseiramente juízes e tribunais, o que culminou com sua afirmação textual de que o sistema judiciário brasileiro é um "manicômio judiciário".
Obviamente isso ofendeu gravemente a todos os juízes brasileiros ciosos de sua dignidade, o que ficou claramente expresso em artigo publicado no "Informe", veículo de divulgação do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (edição 107, dezembro de 2001). Num texto sereno e objetivo, significativamente intitulado "Manicômio Judiciário" e assinado pelo presidente daquele tribunal, observa-se que "não são decisões injustas que causam a irritação, a iracúndia, a irritabilidade do advogado-geral da União, mas as decisões contrárias às medidas do Poder Executivo".
E não faltaram injúrias aos advogados, pois, na opinião do dr. Gilmar Mendes, toda liminar concedida contra ato do governo federal é produto de conluio corrupto entre advogados e juízes, sócios na "indústria de liminares".
A par desse desrespeito pelas instituições jurídicas, existe mais um problema ético. Revelou a revista "Época" (22/4/ 02, pág. 40) que a chefia da Advocacia Geral da União, isso é, o dr. Gilmar Mendes, pagou R$ 32.400 ao Instituto Brasiliense de Direito Público -do qual o mesmo dr. Gilmar Mendes é um dos proprietários- para que seus subordinados lá fizessem cursos. Isso é contrário à ética e à probidade administrativa, estando muito longe de se enquadrar na "reputação ilibada", exigida pelo artigo 101 da Constituição, para que alguém integre o Supremo.
A comunidade jurídica sabe quem é o indicado e não pode assistir calada e submissa à consumação dessa escolha notoriamente inadequada, contribuindo, com sua omissão, para que a arguição pública do candidato pelo Senado, prevista no artigo 52 da Constituição, seja apenas uma simulação ou "ação entre amigos". É assim que se degradam as instituições e se corrompem os fundamentos da ordem constitucional democrática."
Dalmo de Abreu Dallari, 70, advogado, é professor da Faculdade de Direito da USP. Foi secretário de Negócios do município de São Paulo (administração Luiza Erundina).
Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO, 08.05.2002
sábado, 12 de julho de 2008
A FALTA DE JUSTIÇA, A FONTE DE TODO O NOSSO DESCRÉDITO(Rui Barbosa)
Não é nada fácil evitar uma reação emocional ao último escarnio da figura menor que ocupa a vaga que deveria estar reservada, apenas, aos grandes juristas. Indignar-se, mais uma vez, ... confesso que já estou ficou cansado , mas resignar-se, ah! isto nunca. Paciência, paciência, é necessário, já que o problema é antigo, como atesta o texto abaixo, do Rui Barbosa, de 17.12.1914.
"A FALTA DE JUSTIÇA, A FONTE DE TODO O NOSSO DESCRÉDITO
O SR. RUI BARBOSA – A falta de justiça, Srs. Senadores, é o grande mal da nossa
terra, o mal dos males, a origem de todas as nossas infelicidades, a fonte de todo nosso
descrédito, é a miséria suprema desta pobre nação.
A sua grande vergonha diante o estrangeiro, é aquilo que nos afasta os homens,
os auxílios, os capitais.
A injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem; cresta em flor
os espíritos dos moços, semeia no coração das gerações que vem nascendo a semente da
podridão, habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na fortuna, no acaso, na
loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade...
O SR. ALFREDO ELLIS – Promove a relaxação.
O SR. RUI BARBOSA – ...promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza,
sob todas as suas formas. (Muito bem).
De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver
crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o
homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto...
(Muito bem).
Essa foi a obra da República nos últimos anos.
No outro regímen, o homem que tinha certa nódoa em sua vida era um homem
perdido para todo o sempre – as carreiras políticas lhe estavam fechadas. Havia uma
sentinela vigilante, de cuja severidade todos se temiam e que, acesa no alto, guardava a
redondeza, como um farol que não se apaga, em proveito da honra, da justiça e da
moralidade gerais. (Muito bem).
Na República os tarados são os tarudos. Na República todos os grupos se
alhearam do movimento dos partidos, da ação dos Governos, da prática das instituições.
Contentamo-nos hoje com as fórmulas e aparência, porque estas mesmo vão se
dissipando pouco a pouco, delas quase nada nos restando.
Apenas temos os nomes, apenas temos a reminiscência, apenas temos a
fantasmagoria de uma coisa que existiu, de uma coisa que se deseja ver reerguida, mas
que, na realidade, se foi inteiramente. (Muito bem).
E nessa destruição geral das nossas instituições, a maior de todas as ruínas,
Senhores, é a ruína da justiça, colaborada pela ação dos homens públicos, pelo interesse
dos nossos partidos, pela influência constante dos nossos Governos. E nesse
esboroamento da justiça, a mais grave de todas as ruínas é a falta de penalidade aos
criminosos confessos, é a falta de punição quando se aponta um crime que envolva um
nome poderoso, apontado, indicado, que todos conhecem, mas que ninguém tem
coragem e apontá-lo à opinião pública, de modo que a justiça possa exercer a sua ação
saneadora e benfazeja.
Mas, Sr. Presidente, nesta eliminação monstruosa do sentimento jurídico e da
ação judicial nesse desenvolvimento rapidamente crescente do princípio de
irresponsabilidade, dominando o princípio da responsabilidade – que é o princípio
fundamental das instituições republicanas – porque a República é o governo dos
homens sujeitos à lei, debaixo de uma responsabilidade inevitável, por seus atos;"
"A FALTA DE JUSTIÇA, A FONTE DE TODO O NOSSO DESCRÉDITO
O SR. RUI BARBOSA – A falta de justiça, Srs. Senadores, é o grande mal da nossa
terra, o mal dos males, a origem de todas as nossas infelicidades, a fonte de todo nosso
descrédito, é a miséria suprema desta pobre nação.
A sua grande vergonha diante o estrangeiro, é aquilo que nos afasta os homens,
os auxílios, os capitais.
A injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem; cresta em flor
os espíritos dos moços, semeia no coração das gerações que vem nascendo a semente da
podridão, habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na fortuna, no acaso, na
loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade...
O SR. ALFREDO ELLIS – Promove a relaxação.
O SR. RUI BARBOSA – ...promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza,
sob todas as suas formas. (Muito bem).
De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver
crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o
homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto...
(Muito bem).
Essa foi a obra da República nos últimos anos.
No outro regímen, o homem que tinha certa nódoa em sua vida era um homem
perdido para todo o sempre – as carreiras políticas lhe estavam fechadas. Havia uma
sentinela vigilante, de cuja severidade todos se temiam e que, acesa no alto, guardava a
redondeza, como um farol que não se apaga, em proveito da honra, da justiça e da
moralidade gerais. (Muito bem).
Na República os tarados são os tarudos. Na República todos os grupos se
alhearam do movimento dos partidos, da ação dos Governos, da prática das instituições.
Contentamo-nos hoje com as fórmulas e aparência, porque estas mesmo vão se
dissipando pouco a pouco, delas quase nada nos restando.
Apenas temos os nomes, apenas temos a reminiscência, apenas temos a
fantasmagoria de uma coisa que existiu, de uma coisa que se deseja ver reerguida, mas
que, na realidade, se foi inteiramente. (Muito bem).
E nessa destruição geral das nossas instituições, a maior de todas as ruínas,
Senhores, é a ruína da justiça, colaborada pela ação dos homens públicos, pelo interesse
dos nossos partidos, pela influência constante dos nossos Governos. E nesse
esboroamento da justiça, a mais grave de todas as ruínas é a falta de penalidade aos
criminosos confessos, é a falta de punição quando se aponta um crime que envolva um
nome poderoso, apontado, indicado, que todos conhecem, mas que ninguém tem
coragem e apontá-lo à opinião pública, de modo que a justiça possa exercer a sua ação
saneadora e benfazeja.
Mas, Sr. Presidente, nesta eliminação monstruosa do sentimento jurídico e da
ação judicial nesse desenvolvimento rapidamente crescente do princípio de
irresponsabilidade, dominando o princípio da responsabilidade – que é o princípio
fundamental das instituições republicanas – porque a República é o governo dos
homens sujeitos à lei, debaixo de uma responsabilidade inevitável, por seus atos;"
sexta-feira, 11 de julho de 2008
Cai o pano...
Privatização, corrupção e poder crescente dos oligarcas. Estes são temas recorrentes no debate político na atual Rússia e finalmente, aparentemente, retomam o seu devido lugar na agenda política brasileira. Este é um lado da privatização que todos preferem esquecer, mas presente nas privatizações de vários países, inclusive aqueles com uma solida base institucional. Naturalmente, em países, em que a institucionalidade é frágil, o cenário é mais desolador e a infecção mais disseminada.
Pode-se, naturalmente, argumentar que o “affair” que ocupa o noticiário político e policial não esta diretamente relacionado às privatizações do governo pretérito. Esta linha de argumentação equivale a acreditar na existência de fadas e do papai noel. Mas, nestes trístes trópicos, o cinismo não parece ter algum limite. Dai tudo é possível...
O “affair” tem um aspecto positivo e didático ao mostrar que nem todos recebem o mesmo tratamento nesta nossa republica de bacharéis, do você sabe com quem esta falando?
Pode-se, naturalmente, argumentar que o “affair” que ocupa o noticiário político e policial não esta diretamente relacionado às privatizações do governo pretérito. Esta linha de argumentação equivale a acreditar na existência de fadas e do papai noel. Mas, nestes trístes trópicos, o cinismo não parece ter algum limite. Dai tudo é possível...
O “affair” tem um aspecto positivo e didático ao mostrar que nem todos recebem o mesmo tratamento nesta nossa republica de bacharéis, do você sabe com quem esta falando?
quinta-feira, 10 de julho de 2008
Se
Se és capaz de manter a tua calma quando
Todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando,
E para esses no entanto achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;
Se és capaz de pensar — sem que a isso só te atires;
Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;
Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos, músculos, tudo
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exaustos, contudo
Resta a vontade em ti que ainda ordena: "Persiste!";
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade,
E se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao mínimo fatal todo o valor e brilho,
Tua é a terra com tudo o que existe no mundo
E o que mais — tu serás um homem, ó meu filho!
Poema de Rudyard Kipling
Tradução de Guilherme de Almeida
Todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando,
E para esses no entanto achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;
Se és capaz de pensar — sem que a isso só te atires;
Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;
Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos, músculos, tudo
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exaustos, contudo
Resta a vontade em ti que ainda ordena: "Persiste!";
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade,
E se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao mínimo fatal todo o valor e brilho,
Tua é a terra com tudo o que existe no mundo
E o que mais — tu serás um homem, ó meu filho!
Poema de Rudyard Kipling
Tradução de Guilherme de Almeida
quarta-feira, 9 de julho de 2008
9 de Julho de 1932
“ Na minha infância e adolescência, a Revolução Constitucionalista de 1932 era algo muito presente. Eu conhecia pessoas e tinha professores que haviam apoiado o movimento e até participado dos combates. No colégio estadual em que estudava, eram feitos trabalhos e exposições. A bandeira paulista era hasteada com orgulho. Até competições esportivas aconteciam, como a Volta Ciclística 9 de Julho, quando dezenas de ciclistas percorriam o Estado durante quase um mês.”( José Serra, FSP, 09.07.08, p.A3).
Este é o primeiro paragrafo do bonito artigo do Serra, publicado na Folha de hoje. Não pertenço a geração dele, mas na minha infância e no curso primário em um escola rural do interior de São Paulo, nos anos 60, 1932 ainda não era um evento desconhecido. Havia trabalhos escolares sobre o tema, conhecíamos os nomes da sigla MMDC e tínhamos orgulho do que eles fizeram.
Não sei, se como Serra sugere, é correto atribuir somente a ditadura pós 1964 esse “apagamento histórico”, a tradição intelectual que torna-se hegemônica a partir dos anos 60, me parece ser um candidato melhor. É verdade que a força desta tradição deve-se muito ao clima pós 64, mas como ela ainda mantem a hegemonia na formação dos professores de historia, devemos buscar outra explicação para esta dificuldade em relação a comemoração de eventos importantes da história nacional. Ela esta presente, também, na leitura maniqueista e pobre de figuras importantes da nossa história, cujo melhor exemplo, é o filme “Carlota Joaquina, princesa do Brasil” .
É difícil não concordar que “enganam-se os que imaginam que recordar 1932 é simplesmente remexer no velho baú da história. É muito mais que isso: é uma bela data da história do Brasil e de São Paulo. Seus sinônimos são a liberdade, o voto secreto, a eleição livre, a independência dos três Poderes, a Constituição.”(José Serra, FSP, 09.07.08, p.A3)
Este é o primeiro paragrafo do bonito artigo do Serra, publicado na Folha de hoje. Não pertenço a geração dele, mas na minha infância e no curso primário em um escola rural do interior de São Paulo, nos anos 60, 1932 ainda não era um evento desconhecido. Havia trabalhos escolares sobre o tema, conhecíamos os nomes da sigla MMDC e tínhamos orgulho do que eles fizeram.
Não sei, se como Serra sugere, é correto atribuir somente a ditadura pós 1964 esse “apagamento histórico”, a tradição intelectual que torna-se hegemônica a partir dos anos 60, me parece ser um candidato melhor. É verdade que a força desta tradição deve-se muito ao clima pós 64, mas como ela ainda mantem a hegemonia na formação dos professores de historia, devemos buscar outra explicação para esta dificuldade em relação a comemoração de eventos importantes da história nacional. Ela esta presente, também, na leitura maniqueista e pobre de figuras importantes da nossa história, cujo melhor exemplo, é o filme “Carlota Joaquina, princesa do Brasil” .
É difícil não concordar que “enganam-se os que imaginam que recordar 1932 é simplesmente remexer no velho baú da história. É muito mais que isso: é uma bela data da história do Brasil e de São Paulo. Seus sinônimos são a liberdade, o voto secreto, a eleição livre, a independência dos três Poderes, a Constituição.”(José Serra, FSP, 09.07.08, p.A3)
terça-feira, 8 de julho de 2008
Piadas sobre Economistas e Economia VIII
— Quantos economistas são necessários para trocar uma lâmpada?
— Isto é irrelevante. As preferências da lâmpara são dadas.
*
Não é fácil ser um economista. Como você gostaria de passar toda sua vida fingindo que sabe tudo o que significa o M1 ?
*
Ao fazer a lista de convidados de uma festa, não se esqueça que convidar mais de 25% em economistas pode acabar com as conversas.
*
Economia é a dolorosa elaboração do óbvio.
*
— Qual a diferença entre um economista e um velhinho desorganizado e com Alzheimer ?
— O economista é aquele que está com a calculadora.
*
Economista é aquele que não sabe do que está falando e convence que a culpa é sua por não entender o que está dizendo.
*
Uma definição de "desperdício": um ônibus cheio de economistas mergulhando num precípio com três lugares vagos.
*
Dois economistas estavam viajando de volta para casa, saindo de uma reunião. Os dois sentaram em bancos próximos, mas separados. Depois de discutir todo o tempo, após o serviço de bordo, o sujeito que estava sentado entre eles disse para trocar de lugar com ele, pois devido a conversa não estava conseguindo dormir. Depois de trocar os lugares, um economista comentou para outro: "Esta foi a primeira discussão econômica que conseguiu manter alguém acordado!"
*
Qual a diferença entre economistas e empresários ? O primeiro nunca está com seus pés no chão e o segundo está sempre com seus quatro pés no chão.
*
Um economista é alguém que sabe o preço de tudo e não sabe o valor de nada.
— Isto é irrelevante. As preferências da lâmpara são dadas.
*
Não é fácil ser um economista. Como você gostaria de passar toda sua vida fingindo que sabe tudo o que significa o M1 ?
*
Ao fazer a lista de convidados de uma festa, não se esqueça que convidar mais de 25% em economistas pode acabar com as conversas.
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Economia é a dolorosa elaboração do óbvio.
*
— Qual a diferença entre um economista e um velhinho desorganizado e com Alzheimer ?
— O economista é aquele que está com a calculadora.
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Economista é aquele que não sabe do que está falando e convence que a culpa é sua por não entender o que está dizendo.
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Uma definição de "desperdício": um ônibus cheio de economistas mergulhando num precípio com três lugares vagos.
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Dois economistas estavam viajando de volta para casa, saindo de uma reunião. Os dois sentaram em bancos próximos, mas separados. Depois de discutir todo o tempo, após o serviço de bordo, o sujeito que estava sentado entre eles disse para trocar de lugar com ele, pois devido a conversa não estava conseguindo dormir. Depois de trocar os lugares, um economista comentou para outro: "Esta foi a primeira discussão econômica que conseguiu manter alguém acordado!"
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Qual a diferença entre economistas e empresários ? O primeiro nunca está com seus pés no chão e o segundo está sempre com seus quatro pés no chão.
*
Um economista é alguém que sabe o preço de tudo e não sabe o valor de nada.
segunda-feira, 7 de julho de 2008
Edmar Bacha
Ele é de longe o melhor economista brasileiro. Há quem, naturalmente, prefira o Bacha do passado( do período da ditadura, do livro sobre macroeconomia kaleckiana, etc) e acuse o atual de ser um neo-liberal, porta-voz dos banqueiros. Tolices ditas pela turma de Barão Geraldo e alhures que não devem ser levadas em consideração.
Na entrevista desta segunda-feira , publicada na FSP, ele discute tópicos importantes sobre o atual cenário macroeconômico. Otimista, quando ao risco do retorno da indexação( nosso vacina ainda estaria dentro do prazo de validade), defensor de um mix de políticas monetária, de crédito e fiscal para resolver o problema do aquecimento da demanda interna;muito preocupado com o impacto do cambio sobre o equilíbrio das contas internas e, principalmente com o risco de uma grande apreciação ser seguida por uma grande depreciação; cético quanto a superioridade do investimento subsidiado em relação ao consumo, a entrevista é leitura obrigatória para aqueles interessados em política econômica e cansados do bla, bla, bla, costumeiro, da turma acima mencionada.
Na entrevista desta segunda-feira , publicada na FSP, ele discute tópicos importantes sobre o atual cenário macroeconômico. Otimista, quando ao risco do retorno da indexação( nosso vacina ainda estaria dentro do prazo de validade), defensor de um mix de políticas monetária, de crédito e fiscal para resolver o problema do aquecimento da demanda interna;muito preocupado com o impacto do cambio sobre o equilíbrio das contas internas e, principalmente com o risco de uma grande apreciação ser seguida por uma grande depreciação; cético quanto a superioridade do investimento subsidiado em relação ao consumo, a entrevista é leitura obrigatória para aqueles interessados em política econômica e cansados do bla, bla, bla, costumeiro, da turma acima mencionada.
domingo, 6 de julho de 2008
Entrevista com Tracey Rowland
Interessante artigo/entrevista sobre/com Tracey Rowland, autora de um livro muito elogiado sobre o pensamento do Papa Benedito XVI.
Admirers of Tracey Rowland say that the Australian professor of political philosophy and continental theology is "on the side of the angels" and even her detractors who do not like the substance of her arguments begrudgingly admit her academic ability. Her most recent book, Ratzinger's Faith: The Theology of Pope Benedict XVI, geared at educated but non-academic readers, was an enthusiastic exploration of Pope Benedict's thought through the prism of the Second Vatican Council and 20th-century strands of Thomist thought. With Sydney's Cardinal George Pell, who wrote a glowing introduction to the book, she is one of the strongest Catholic voices coming from Down Under.
The dean of the John Paul II Institute for Marriage and Family in Melbourne, Dr Rowland is also on the editorial board of the north American edition of Communio, the academic journal founded by Hans Urs von Balthasar, Henri de Lubac and Joseph Ratzinger, and a member of the Centre of Philosophy and Theology at the University of Nottingham. Her academic credentials, which include a doctorate from the Faculty of Divinity of Cambridge University, form a long string of letters after her name. Impressive too, though she plays it down, is her success in an academic world still dominated by men.
Carefully dressed in a pea-green cardigan and summery skirt, a strand of hair from her auburn bob clipped to the side with a pretty flowery pin, Dr Rowland gives the impression of a shy but friendly neighbour coming over to introduce herself. In person, during a 24-hour stopover in London on her way to Rome, she is very different from the picture of the impressive-looking begowned academic on the John Paul II Institute website. Through the din of the Waterstone's cafe in Piccadilly she first comes across as quietly spoken, but as the interview progresses it becomes clear she doesn't need to raise her voice to be heard. She is eloquent, firm and speaks with the conviction that years of study have lent her.
Dr Rowland did not begin her academic career as a theologian, but came to it through her study of political science. She enrolled in a joint Arts and Law Bachelors degree at the University of Queensland although she knew that she did not want to be a lawyer. At the time it was considered the "done" course for promising young undergraduates, and although it wasn't Dr Rowland's chosen subject, the law, she says, helped sharpen her analytical skills.
At Queensland she came under the tutelage of Dr Vendulka Kubalkova, a Czechoslovakian émigré in exile after the Prague Spring. Dr Kubalkova, despite her strong opposition to the Communist regimes, taught Marxist political philosophy, a course which Dr Rowland describes as "Marxist catechism class". It was here that Dr Rowland developed an interest in central European political philosophy and in 1989 she found herself in Poland. She was gathering material for her Masters dissertation on the political and philosophical ideas of the anti-Communist intelligentsia in Poland and Czechoslovakia, and soon found that she needed an extensive knowledge of Catholic theology and social teaching in order to understand many of the anti-Communist movements in Poland and Czechoslovakia.
"The people who most interested me were those people who said that after they got rid of the Communist state, they didn't want western-style liberalism, they wanted some kind of Christian democratic system. So they wanted Christian democracy rather than liberal democracy. In that context I also studied the thoughts of Pope John Paul II as someone who was representative of the central European Catholic intellectual," she says.
After receiving her Masters from the University of Melbourne in 1992 she went to Cambridge to begin a doctorate in Political Philosophy, focusing on Alasdair Macintyre's critique of modernity and his concept of tradition-dependent rationality, but found little sympathy for her academic interests in the intensely secularist ethos of the Faculty of Political and Social Sciences. "They were really stuck in the 18th century," says Dr Rowland, relating how Professor John Dunn took her aside and told her that he didn't believe in God and he didn't know anyone in Cambridge who believed in God, although he had heard that this phenomenon was common in certain parts of the United States. A day later Dr Dunn suffered a massive, though non-fatal, stroke and Dr Rowland transferred to the Divinity School.
Here she studied under John Milbank among others. He, with Catherine Pickstock, is one of the main minds behind the Radical Orthodoxy movement, which developed Anglo-Catholic constructive theology. She also encountered the leading English Dominican scholars Fr Allan White and Fr Aidan Nichols.
Both Marxism and Anglicanism have been recurring themes in Dr Rowland's life. She is technically a convert to Catholicism. Her father was a Marxist atheist, her mother a practising high-church Anglican. When her father wanted to send his daughter to a state school for ideological reasons her mother settled on a compromise and the young Tracey Rowland was sent to a Catholic convent school which was deemed acceptable to her father as he did not consider it part of the establishment. Taught mainly by nuns, Dr Rowland converted to Catholicism in primary school, where she discovered her love of liturgy, something which is not an academic field she has pursued, but the mainstay of her spiritual life.
Although she tends to take a "pluralistic view of liturgy"- she prefers the Missal of Paul VI done well over the 1962 Missal but defends those who prefer the extraordinary form of the Roman Rite - nothing upsets her more than "appalling 1970s liturgy". It was her profound sense of the importance of liturgy that first attracted her to Joseph Ratzinger. Dr Rowland says that she thinks that last year's Motu Proprio Summorum Pontificum, which liberalised the use of the 1962 Missal, served as a jolt to many priests "who had to confront the fact that they had been presuming for a couple of decades that what lay people want is a kind of populist liturgy - a kind of pop culture liturgy".
"I think they've had to confront the sociological reality that this is not actually the case," she says. "There are some people who will still want it but there is a huge number of Catholics who do not, and for a couple of decades they were completely marginalised. The main criticism levelled against them was that they hadn't accepted the teaching of the Council."
Pope Benedict, she says, has made it clear that being critical of bad liturgy does not signal opposition to the Second Vatican Council. Dr Rowland is herself a defender of the Council even if she is wary of the some of the ways in which it has been interpreted and has played out in the life of the Church in the last 40 years.
"I think we are at a stage in the life of the Church when my generation and your generation need to do a great deal of synthetic work, picking up the pieces of the puzzle and putting them back together again but in a way that was better than was the case before the Council," she says.
"I envy your generation because I think you are coming of age at a time when things are really healing in the Church and the trauma of the Council is starting to bear fruit whereas I belong to the generation of intermission."
After completing her doctorate in 2002 she was recruited by Cardinal Pell to help with the newly established John Paul II Institute for Marriage and Family in Melbourne. The school is one of 11 worldwide which were founded by Pope John Paul II to focus on the importance of marriage and family. Dr Rowland was awarded her Licentiate in Sacred Theology in 2007, for which she did a correspondence course in 2007 and is currently working on a doctorate in Sacred Theology (STD). What has it been like being a woman in a world that is still predominately male? She smiles and says that she has had an overwhelmingly positive experience. In Rome she is treated with the greatest respect and addressed as professoressa, she says.
"Pope Benedict XVI and John Paul II were highly intellectual men who had mixed with highly educated women and there was an understanding that there were absolutely no barriers to women engaging in the administrative and intellectual life of the Church," she says before she launches into a defense of the male priesthood.
"It is only when it comes to priesthood that there are barriers and that's because they don't see priesthood as something that requires certain skills, but is an anthropological issue about the nature of the priest who stands in the place of Christ. Pope Benedict also says of all the tribes of the Middle East in the biblical era, most had priestesses, but not the Jews, and he thinks there is a theological significance in this as well."
Before the interview we had been talking about Hans Küng's recent visit to London. The controversial Swiss theologian is seen in certain circles as the "leader of the opposition" to the Pope. What does she make, I ask, of the criticism that Pope Benedict's pontificate is making the Church smaller?
"I think that people who leave the Church are not leaving the Church because they are rejecting the teachings of John Paul II or Pope Benedict," she answers. "Most of them who leave do so because they go to Catholic schools and they think that the kind of warm secular humanism with Christian gloss that they get in Catholic schools is in fact the Catholic faith and it hasn't captured their imagination, their love or their intellect so they are walking away from something that they do not know. It's not like a love affair where you reject a person you have learnt to love and know. They've never been in love with the Church. They've never known it."
Fonte: Anna Arco no The Catholic Herald.
Admirers of Tracey Rowland say that the Australian professor of political philosophy and continental theology is "on the side of the angels" and even her detractors who do not like the substance of her arguments begrudgingly admit her academic ability. Her most recent book, Ratzinger's Faith: The Theology of Pope Benedict XVI, geared at educated but non-academic readers, was an enthusiastic exploration of Pope Benedict's thought through the prism of the Second Vatican Council and 20th-century strands of Thomist thought. With Sydney's Cardinal George Pell, who wrote a glowing introduction to the book, she is one of the strongest Catholic voices coming from Down Under.
The dean of the John Paul II Institute for Marriage and Family in Melbourne, Dr Rowland is also on the editorial board of the north American edition of Communio, the academic journal founded by Hans Urs von Balthasar, Henri de Lubac and Joseph Ratzinger, and a member of the Centre of Philosophy and Theology at the University of Nottingham. Her academic credentials, which include a doctorate from the Faculty of Divinity of Cambridge University, form a long string of letters after her name. Impressive too, though she plays it down, is her success in an academic world still dominated by men.
Carefully dressed in a pea-green cardigan and summery skirt, a strand of hair from her auburn bob clipped to the side with a pretty flowery pin, Dr Rowland gives the impression of a shy but friendly neighbour coming over to introduce herself. In person, during a 24-hour stopover in London on her way to Rome, she is very different from the picture of the impressive-looking begowned academic on the John Paul II Institute website. Through the din of the Waterstone's cafe in Piccadilly she first comes across as quietly spoken, but as the interview progresses it becomes clear she doesn't need to raise her voice to be heard. She is eloquent, firm and speaks with the conviction that years of study have lent her.
Dr Rowland did not begin her academic career as a theologian, but came to it through her study of political science. She enrolled in a joint Arts and Law Bachelors degree at the University of Queensland although she knew that she did not want to be a lawyer. At the time it was considered the "done" course for promising young undergraduates, and although it wasn't Dr Rowland's chosen subject, the law, she says, helped sharpen her analytical skills.
At Queensland she came under the tutelage of Dr Vendulka Kubalkova, a Czechoslovakian émigré in exile after the Prague Spring. Dr Kubalkova, despite her strong opposition to the Communist regimes, taught Marxist political philosophy, a course which Dr Rowland describes as "Marxist catechism class". It was here that Dr Rowland developed an interest in central European political philosophy and in 1989 she found herself in Poland. She was gathering material for her Masters dissertation on the political and philosophical ideas of the anti-Communist intelligentsia in Poland and Czechoslovakia, and soon found that she needed an extensive knowledge of Catholic theology and social teaching in order to understand many of the anti-Communist movements in Poland and Czechoslovakia.
"The people who most interested me were those people who said that after they got rid of the Communist state, they didn't want western-style liberalism, they wanted some kind of Christian democratic system. So they wanted Christian democracy rather than liberal democracy. In that context I also studied the thoughts of Pope John Paul II as someone who was representative of the central European Catholic intellectual," she says.
After receiving her Masters from the University of Melbourne in 1992 she went to Cambridge to begin a doctorate in Political Philosophy, focusing on Alasdair Macintyre's critique of modernity and his concept of tradition-dependent rationality, but found little sympathy for her academic interests in the intensely secularist ethos of the Faculty of Political and Social Sciences. "They were really stuck in the 18th century," says Dr Rowland, relating how Professor John Dunn took her aside and told her that he didn't believe in God and he didn't know anyone in Cambridge who believed in God, although he had heard that this phenomenon was common in certain parts of the United States. A day later Dr Dunn suffered a massive, though non-fatal, stroke and Dr Rowland transferred to the Divinity School.
Here she studied under John Milbank among others. He, with Catherine Pickstock, is one of the main minds behind the Radical Orthodoxy movement, which developed Anglo-Catholic constructive theology. She also encountered the leading English Dominican scholars Fr Allan White and Fr Aidan Nichols.
Both Marxism and Anglicanism have been recurring themes in Dr Rowland's life. She is technically a convert to Catholicism. Her father was a Marxist atheist, her mother a practising high-church Anglican. When her father wanted to send his daughter to a state school for ideological reasons her mother settled on a compromise and the young Tracey Rowland was sent to a Catholic convent school which was deemed acceptable to her father as he did not consider it part of the establishment. Taught mainly by nuns, Dr Rowland converted to Catholicism in primary school, where she discovered her love of liturgy, something which is not an academic field she has pursued, but the mainstay of her spiritual life.
Although she tends to take a "pluralistic view of liturgy"- she prefers the Missal of Paul VI done well over the 1962 Missal but defends those who prefer the extraordinary form of the Roman Rite - nothing upsets her more than "appalling 1970s liturgy". It was her profound sense of the importance of liturgy that first attracted her to Joseph Ratzinger. Dr Rowland says that she thinks that last year's Motu Proprio Summorum Pontificum, which liberalised the use of the 1962 Missal, served as a jolt to many priests "who had to confront the fact that they had been presuming for a couple of decades that what lay people want is a kind of populist liturgy - a kind of pop culture liturgy".
"I think they've had to confront the sociological reality that this is not actually the case," she says. "There are some people who will still want it but there is a huge number of Catholics who do not, and for a couple of decades they were completely marginalised. The main criticism levelled against them was that they hadn't accepted the teaching of the Council."
Pope Benedict, she says, has made it clear that being critical of bad liturgy does not signal opposition to the Second Vatican Council. Dr Rowland is herself a defender of the Council even if she is wary of the some of the ways in which it has been interpreted and has played out in the life of the Church in the last 40 years.
"I think we are at a stage in the life of the Church when my generation and your generation need to do a great deal of synthetic work, picking up the pieces of the puzzle and putting them back together again but in a way that was better than was the case before the Council," she says.
"I envy your generation because I think you are coming of age at a time when things are really healing in the Church and the trauma of the Council is starting to bear fruit whereas I belong to the generation of intermission."
After completing her doctorate in 2002 she was recruited by Cardinal Pell to help with the newly established John Paul II Institute for Marriage and Family in Melbourne. The school is one of 11 worldwide which were founded by Pope John Paul II to focus on the importance of marriage and family. Dr Rowland was awarded her Licentiate in Sacred Theology in 2007, for which she did a correspondence course in 2007 and is currently working on a doctorate in Sacred Theology (STD). What has it been like being a woman in a world that is still predominately male? She smiles and says that she has had an overwhelmingly positive experience. In Rome she is treated with the greatest respect and addressed as professoressa, she says.
"Pope Benedict XVI and John Paul II were highly intellectual men who had mixed with highly educated women and there was an understanding that there were absolutely no barriers to women engaging in the administrative and intellectual life of the Church," she says before she launches into a defense of the male priesthood.
"It is only when it comes to priesthood that there are barriers and that's because they don't see priesthood as something that requires certain skills, but is an anthropological issue about the nature of the priest who stands in the place of Christ. Pope Benedict also says of all the tribes of the Middle East in the biblical era, most had priestesses, but not the Jews, and he thinks there is a theological significance in this as well."
Before the interview we had been talking about Hans Küng's recent visit to London. The controversial Swiss theologian is seen in certain circles as the "leader of the opposition" to the Pope. What does she make, I ask, of the criticism that Pope Benedict's pontificate is making the Church smaller?
"I think that people who leave the Church are not leaving the Church because they are rejecting the teachings of John Paul II or Pope Benedict," she answers. "Most of them who leave do so because they go to Catholic schools and they think that the kind of warm secular humanism with Christian gloss that they get in Catholic schools is in fact the Catholic faith and it hasn't captured their imagination, their love or their intellect so they are walking away from something that they do not know. It's not like a love affair where you reject a person you have learnt to love and know. They've never been in love with the Church. They've never known it."
Fonte: Anna Arco no The Catholic Herald.
sábado, 5 de julho de 2008
O Napoleão de Hospício
O Napoleão de Hospício ataca de novo e culpa os heterodoxos pela hiperinflação brasileira. É, naturalmente, um exagero, afinal nem todo economista heterodoxo, por definição, é igual. Alem do mais, nunca é demais lembrar os professores do nosso Napoleão foram colegas de Governo da turma que ele culpa pela hiperinflação. A pouca atenção a questão fiscal, naquele período, não era exclusividade de Barão Geraldo e alhures. Ela também não era campeã de audiência na Gávea.
Para um historiador econômico, de algum talento, diga-se de passagem, ele não mostrou muita habilidade ou criatividade ao escrever a história do período. Contudo, ele tem razão ao criticar a turma do IPEA e alhures, assim como o Governo por não dar a devida atenção a política fiscal.
Aprender com erros é uma virtude que esta turma não possui. Não é por outra razão que eles ainda continuam no time B e não conseguem alterar e nem influenciar a agenda da política econômica brasileira. Isto. naturalmente, não implica afirmar que a política econômica da turma da Gávea seja la grande coisa, somente que ela é menos danosa ...
Para um historiador econômico, de algum talento, diga-se de passagem, ele não mostrou muita habilidade ou criatividade ao escrever a história do período. Contudo, ele tem razão ao criticar a turma do IPEA e alhures, assim como o Governo por não dar a devida atenção a política fiscal.
Aprender com erros é uma virtude que esta turma não possui. Não é por outra razão que eles ainda continuam no time B e não conseguem alterar e nem influenciar a agenda da política econômica brasileira. Isto. naturalmente, não implica afirmar que a política econômica da turma da Gávea seja la grande coisa, somente que ela é menos danosa ...
sexta-feira, 4 de julho de 2008
Apagão
Apagões acontecem e nem sempre é culpa da empresa e o bom senso recomenda esperar a devida investigação do ocorrido ontem. Contudo, o mesmo não é valido em relação ao comportamento da empresa em relação aos consumidores: ela não alterou a mensagem de voz, que ao longo do dia prometia uma solução do problema em apenas uma hora,mesmo sabendo não ser provável, já que não conhecia a origem do problema. Este comportamento arrogante é inaceitável e somente é explicado pelo quase poder de monopólio da empresa.
Quem sabe com o apagão a sociedade finalmente acorde para a importância do serviço de transporte de dados em alta velocidade e passe a considerá-lo como um serviço de telecomunicações. Este é um serviço muito importante e requer um sistema de regulamentação adequado. Aparentemente este detalhe não faz parte das preocupações dos responsáveis pelo setor.
O pior é ler as tolices de antigos gestores do setor. Como um amigo, especialista em regulamentação, sempre diz: este é o preço que pagamos por deixarmos macroeconomistas tomarem decisões relativas a esfera microeconômica.
Quem sabe com o apagão a sociedade finalmente acorde para a importância do serviço de transporte de dados em alta velocidade e passe a considerá-lo como um serviço de telecomunicações. Este é um serviço muito importante e requer um sistema de regulamentação adequado. Aparentemente este detalhe não faz parte das preocupações dos responsáveis pelo setor.
O pior é ler as tolices de antigos gestores do setor. Como um amigo, especialista em regulamentação, sempre diz: este é o preço que pagamos por deixarmos macroeconomistas tomarem decisões relativas a esfera microeconômica.
quinta-feira, 3 de julho de 2008
Pied Beauty
Glory be to God for dappled things--
For skies of couple-colour as a brinded cow;
For rose-moles all in stipple upon trout that swim;
Fresh-firecoal chestnut-falls; finches' wings;
Landscape plotted and pieced--fold, fallow, and plough;
And all trades, their gear and tackle and trim.
All things counter, original, spare, strange;
Whatever is fickle, freckled (who knows how?)
With swift, slow; sweet, sour; adazzle, dim;
He fathers-forth whose beauty is past change:
Praise Him.
Gerard Manley Hopkins
For skies of couple-colour as a brinded cow;
For rose-moles all in stipple upon trout that swim;
Fresh-firecoal chestnut-falls; finches' wings;
Landscape plotted and pieced--fold, fallow, and plough;
And all trades, their gear and tackle and trim.
All things counter, original, spare, strange;
Whatever is fickle, freckled (who knows how?)
With swift, slow; sweet, sour; adazzle, dim;
He fathers-forth whose beauty is past change:
Praise Him.
Gerard Manley Hopkins
quarta-feira, 2 de julho de 2008
A pedra filosofal
A ciência econômica , como outras áreas do conhecimento no passado, não está imune a tentação da busca da pedra filosofal. No caso da economia um modelo de política econômica que consiga domar a virulência do ciclo econômico e se possível, melhor ainda, eliminá-lo de vez. Vários modelos foram testados ao longo das últimas décadas, com resultados bastante satisfatórios na domesticação/administração, mas não na eliminação do ciclo.
Para as várias correntes marxistas, tal busca é inútil, já que seria impossível a regulação do capitalismo. Para os austríacos a tentativa simplesmente posterga no tempo o inevitável com o agravante de torná-lo ainda mais penoso: a purgação é parte da dinâmica do capitalismo . A visão otimista fica relegada aos keynesianos que se negam a adotar a atitude fatalista das correntes acima mencionadas.
A posição dos marxistas é confortável, já que não estão preocupados com administração do capitalismo, mas com a superação e construção de um outro sistema econômico. Contudo, quando chamados a assumir o fardo da gestão da política econômica, recorrem a um mix de keynesianismo e monetarismo com resultados sofriveis. Já os austríacos, nunca tiveram, me parece, a oportunidade de gerir a política econômica, o que demonstra certa coerência, mas, também, não deixa de ser uma posição fácil.
Para as várias correntes marxistas, tal busca é inútil, já que seria impossível a regulação do capitalismo. Para os austríacos a tentativa simplesmente posterga no tempo o inevitável com o agravante de torná-lo ainda mais penoso: a purgação é parte da dinâmica do capitalismo . A visão otimista fica relegada aos keynesianos que se negam a adotar a atitude fatalista das correntes acima mencionadas.
A posição dos marxistas é confortável, já que não estão preocupados com administração do capitalismo, mas com a superação e construção de um outro sistema econômico. Contudo, quando chamados a assumir o fardo da gestão da política econômica, recorrem a um mix de keynesianismo e monetarismo com resultados sofriveis. Já os austríacos, nunca tiveram, me parece, a oportunidade de gerir a política econômica, o que demonstra certa coerência, mas, também, não deixa de ser uma posição fácil.
terça-feira, 1 de julho de 2008
Religious Life in the Age of Facebook
A realidade é outra, mas não o problema. Vale a pena ler o artigo completo, abaixo públicamos apenas um trecho.
"Why aren’t young men and women entering religious life today? A long list of answers has been floating for years among vocation recruiters, novitiate staffs and religious communities. Among them: young adults today are commitment-phobic; a “spiritual but not religious” stance makes religious life too constricting; families are smaller and less likely to support someone choosing to enter religious life; the average age in most communities has risen to a point where a young person is actually entering a retirement home, not a novitiate; the church after the Second Vatican Council has failed to inculcate in young adult Catholics a sense of commitment to the institutional church; young women (and some young men) are alienated by the patriarchal and/or hierarchical nature of priesthood and the church; celibacy is incomprehensible in our overly sexualized age; the horrific and pervasive evidence of sexual and financial scandals in the church makes the young look elsewhere as they choose professions and careers; there are deep intellectual and cultural confusions over the meaning(s) of God, Jesus, church, salvation and priesthood.
The list could go on, but the facts remain: in 1965 there were 45.6 million Catholics and 48,992 seminarians in the United States studying for the priesthood, while in 2006 there were 69.1 million Catholics and only 5,642 seminarians. Similar or more severe declines have been registered in the number of people becoming men or women religious.
After 15 years of interacting with college students (the past five years living in a student dormitory), I can identify certain cultural currents running through the lives of young adults. Like riptides, hidden but strong, these pull persons in their 20s far from the shores of religious life. Such cultural phenomena are off the radar of men and women religious today, mostly because the cultural world of the young people we would hope to attract to our communities differs so much from our own. As a cultural anthropologist, I was taught that good fieldwork reveals what everyone knows but no one in the host culture talks about. What follows are several truths that many young adults know but seldom express to their elders. Some of these cultural currents are not readily apparent to them, though when I have run these ideas by young adults, I have met with wide agreement.
1. One’s culture consists of what one knows. Today’s young adults do not know very much about Jesus, the church, the faith or religious life. In fact, young adults do not know many things that used to be common knowledge among Catholics, and they often know more about other faiths than they do about their own religious tradition. When one excited young woman ran up to me and exclaimed, “I’m going to study Buddhism. It’s so cool!” I said, “Wow. Did you ever think of studying the religion that teaches that God became what we are so we could become what God is”? “Ooh, that sounds cool. What one’s that?” she asked. “Catholicism,” I answered, the faith in which she had been baptized and confirmed.
Culturally, we are the stories we tell. Too easily we assume that young adult Catholics know who St. Francis or St. Ignatius was, but we assume such at our peril. Today’s young adults know Harry and Hermione better than Jesus, Mary and Joseph. One student I spoke to last year thought Vatican II was the name of a pope!
Also problematic are the general intellectual abilities of today’s young adults. Most college students today would balk at the workload the Jesuits threw at high school students in the 1970s. In our first year we read the Documents of Vatican II; in sophomore year, the Dutch catechism. Today’s reading lists for Theology 101 at most universities are decidedly lighter fare. Students will not or cannot plow through Rahner.
This makes the act of intellectually synthesizing the various modes of truth present in Catholic tradition quite difficult for the average student. To argue that analogous conceptions of truth are not equivocal, but in fact more meaningful than univocal truths, stuns young adults, if they can follow the reasoning. To grasp that the Gospel infancy narratives may be true, even though the stories themselves are not historically or scientifically accurate, is a real task for those educated in a culture that leaves little room for nuance. Young adults have intellectual difficulty coming to terms with the intricacies of our faith tradition. In the 1950s and 1960s, older teens and young adults knew what the beatific vision was, and many yearned to see God face to face (1 Cor 13:12); today all we have given them (or all they have paid attention to) is Facebook.com."
Para ler o artigo completo do Richard G Malloy:
http://www.americamagazine.org/content/current-issue.cfm
"Why aren’t young men and women entering religious life today? A long list of answers has been floating for years among vocation recruiters, novitiate staffs and religious communities. Among them: young adults today are commitment-phobic; a “spiritual but not religious” stance makes religious life too constricting; families are smaller and less likely to support someone choosing to enter religious life; the average age in most communities has risen to a point where a young person is actually entering a retirement home, not a novitiate; the church after the Second Vatican Council has failed to inculcate in young adult Catholics a sense of commitment to the institutional church; young women (and some young men) are alienated by the patriarchal and/or hierarchical nature of priesthood and the church; celibacy is incomprehensible in our overly sexualized age; the horrific and pervasive evidence of sexual and financial scandals in the church makes the young look elsewhere as they choose professions and careers; there are deep intellectual and cultural confusions over the meaning(s) of God, Jesus, church, salvation and priesthood.
The list could go on, but the facts remain: in 1965 there were 45.6 million Catholics and 48,992 seminarians in the United States studying for the priesthood, while in 2006 there were 69.1 million Catholics and only 5,642 seminarians. Similar or more severe declines have been registered in the number of people becoming men or women religious.
After 15 years of interacting with college students (the past five years living in a student dormitory), I can identify certain cultural currents running through the lives of young adults. Like riptides, hidden but strong, these pull persons in their 20s far from the shores of religious life. Such cultural phenomena are off the radar of men and women religious today, mostly because the cultural world of the young people we would hope to attract to our communities differs so much from our own. As a cultural anthropologist, I was taught that good fieldwork reveals what everyone knows but no one in the host culture talks about. What follows are several truths that many young adults know but seldom express to their elders. Some of these cultural currents are not readily apparent to them, though when I have run these ideas by young adults, I have met with wide agreement.
1. One’s culture consists of what one knows. Today’s young adults do not know very much about Jesus, the church, the faith or religious life. In fact, young adults do not know many things that used to be common knowledge among Catholics, and they often know more about other faiths than they do about their own religious tradition. When one excited young woman ran up to me and exclaimed, “I’m going to study Buddhism. It’s so cool!” I said, “Wow. Did you ever think of studying the religion that teaches that God became what we are so we could become what God is”? “Ooh, that sounds cool. What one’s that?” she asked. “Catholicism,” I answered, the faith in which she had been baptized and confirmed.
Culturally, we are the stories we tell. Too easily we assume that young adult Catholics know who St. Francis or St. Ignatius was, but we assume such at our peril. Today’s young adults know Harry and Hermione better than Jesus, Mary and Joseph. One student I spoke to last year thought Vatican II was the name of a pope!
Also problematic are the general intellectual abilities of today’s young adults. Most college students today would balk at the workload the Jesuits threw at high school students in the 1970s. In our first year we read the Documents of Vatican II; in sophomore year, the Dutch catechism. Today’s reading lists for Theology 101 at most universities are decidedly lighter fare. Students will not or cannot plow through Rahner.
This makes the act of intellectually synthesizing the various modes of truth present in Catholic tradition quite difficult for the average student. To argue that analogous conceptions of truth are not equivocal, but in fact more meaningful than univocal truths, stuns young adults, if they can follow the reasoning. To grasp that the Gospel infancy narratives may be true, even though the stories themselves are not historically or scientifically accurate, is a real task for those educated in a culture that leaves little room for nuance. Young adults have intellectual difficulty coming to terms with the intricacies of our faith tradition. In the 1950s and 1960s, older teens and young adults knew what the beatific vision was, and many yearned to see God face to face (1 Cor 13:12); today all we have given them (or all they have paid attention to) is Facebook.com."
Para ler o artigo completo do Richard G Malloy:
http://www.americamagazine.org/content/current-issue.cfm
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