“ Na minha infância e adolescência, a Revolução Constitucionalista de 1932 era algo muito presente. Eu conhecia pessoas e tinha professores que haviam apoiado o movimento e até participado dos combates. No colégio estadual em que estudava, eram feitos trabalhos e exposições. A bandeira paulista era hasteada com orgulho. Até competições esportivas aconteciam, como a Volta Ciclística 9 de Julho, quando dezenas de ciclistas percorriam o Estado durante quase um mês.”( José Serra, FSP, 09.07.08, p.A3).
Este é o primeiro paragrafo do bonito artigo do Serra, publicado na Folha de hoje. Não pertenço a geração dele, mas na minha infância e no curso primário em um escola rural do interior de São Paulo, nos anos 60, 1932 ainda não era um evento desconhecido. Havia trabalhos escolares sobre o tema, conhecíamos os nomes da sigla MMDC e tínhamos orgulho do que eles fizeram.
Não sei, se como Serra sugere, é correto atribuir somente a ditadura pós 1964 esse “apagamento histórico”, a tradição intelectual que torna-se hegemônica a partir dos anos 60, me parece ser um candidato melhor. É verdade que a força desta tradição deve-se muito ao clima pós 64, mas como ela ainda mantem a hegemonia na formação dos professores de historia, devemos buscar outra explicação para esta dificuldade em relação a comemoração de eventos importantes da história nacional. Ela esta presente, também, na leitura maniqueista e pobre de figuras importantes da nossa história, cujo melhor exemplo, é o filme “Carlota Joaquina, princesa do Brasil” .
É difícil não concordar que “enganam-se os que imaginam que recordar 1932 é simplesmente remexer no velho baú da história. É muito mais que isso: é uma bela data da história do Brasil e de São Paulo. Seus sinônimos são a liberdade, o voto secreto, a eleição livre, a independência dos três Poderes, a Constituição.”(José Serra, FSP, 09.07.08, p.A3)