segunda-feira, 21 de julho de 2008

Rodada de Doha

Para um diplomata experiente, como é o caso do Amorim, a escolha da frase de autoria do Joseph Goebbel- uma mentira dita muitas vezes vira verdade - é, no mínimo, estranha. A reação americana, naturalmente, foi exagerada, ainda que compreensível - sendo a sua representante filha de sobrevivente do Holocausto.

A frase, contudo, parece descrever, corretamente, a retórica dos países desenvolvidos neste e em outros encontros da Rodada de Doha. Culpar os países em desenvolvimento pelo fracasso de Doha tem sido a tônica do discurso, o que está longe de ser verdade.

Os ricos usam e abusam do discurso favóravel a redução de subsídios e outras medidas que em muito ajudariam na ampliação do comércio internancional. Passar do discurso retórico para propostas concretas, não parece ser o forte do seus representantes, mais preocupados em defender os subsídios agrícolas e o mal disfarçado protecionismo que ganha força política em vários países.

É sempre mais fácil e cômodo continuar com a política de ajuda humanitária e outras políticas que os ajudam a dormirem a noite, que permitir o livre acesso aos seus protegidos mercados agricolas. Eles conhecem muito bem os benefícios do comercio para uma nação pobre e talvez, por isto mesmo, prefiram manter a regra atual e o famoso sopão dos pobres. Nada como manter a dependência para garantir alguns votos em votações importantes em fóruns internacionais, como, por ex, a ONU.